É necessário controlar melhor a asma das crianças portuguesas. O alerta é dado por uma equipa de investigação do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que concluiu que, das cerca de 175 mil crianças e adolescentes asmáticos em Portugal, metade não tem a doença sob controlo.
Em vésperas de se assinalar o Dia Mundial da Asma, a equipa de investigadores portugueses revela que Portugal gasta 40 milhões de euros com urgências e atendimentos não programados devido a crises de asma em crianças. Por cada criança com asma não controlada são gastos entre 400 e 700 euros, por ano, em idas a serviços de urgência e atendimentos não programados.
“Ter a asma não controlada é o principal fator que agrava os custos: o impacto económico médio por criança com asma não controlada é duas a três vezes superior ao de uma criança com a doença sob controlo”, explica João Fonseca (investigador do CINTESIS e da FMUP), adiantando que “o absentismo escolar das crianças e o absentismo laboral dos pais ou outros cuidadores é, aproximadamente, três vezes maior nas crianças com asma cuja doença não esteja estabilizada. Aliás, esta doença é a causa de mais de meio milhão de faltas à escola por parte das crianças e adolescentes com asma”.
O projeto CASCA – Custo da Asma na Criança pretende avaliar a prevalência e o controlo da asma na população pediátrica portuguesa, “estimar os custos de asma na infância, e, mais importante ainda, identificar oportunidades de melhoria nos cuidados prestados às crianças asmáticas em Portugal”, esclarece o especialista em Imunologia.
Aasma é a doença crónica mais prevalente em crianças (desde o nascimento até aos 17 anos de idade). “Em Portugal, a prevalência é de cerca de 10% e pode estar a aumentar”, explica Manuel Magalhães, outro dos investigadores envolvidos no projeto, acrescentando que “um terço das crianças portuguesas com asma são hospitalizadas por causa desta patologia respiratória, pelo menos uma vez na vida. As crianças que apresentam excesso de peso, rinite ou que não dispõem de um seguro ou subsistema de saúde que lhes garanta um bom acesso aos cuidados de saúde especializados têm quadros clínicos piores.
Até ao momento, não existiam dados em Portugal sobre os custos associados à asma na infância. Nos EUA, as estimativas indicam que o custo por criança asmática, por ano, pode ultrapassar os 5 mil euros, se o quadro clínico for grave.
O projeto é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e conta com a parceria da Guimarães, Cidade Europeia do Desporto 2013 e com o apoio técnico do LabAIR do Instituto CUF Porto.