As crianças portuguesas apresentam falta de iodo? O seu desenvolvimento cognitivo está comprometido? É preciso fortificar a alimentação das crianças? As mulheres portuguesas sabem que devem consumir sal iodado durante a gravidez? O que se pode fazer para dar resposta a este problema de Saúde Pública?
Estas são algumas das questões que estarão em discussão no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto na próxima quarta-feira, dia 30 de março, a partir das 9 horas, num Seminário sobre Iodo e Saúde, que vai reunir representantes da Organização Mundial de Saúde, Direção Geral de Saúde, Direção Geral da Educação, Ordem dos Médicos, Ordem dos Nutricionistas, Ordem dos Psicólogos, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, ASAE e restauração coletiva.
Promovido pela equipa do projeto IoGeneration – um programa científico que pretende avaliar os níveis de iodo em crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, relacionando-os com indicadores de desenvolvimento cognitivo e de saúde da tiróide – o evento pretende “discutir a criação de medidas de saúde pública que reduzam as desigualdades nutricionais em idade infantil em Portugal”, explica Conceição Calhau, professora da Faculdade de Medicina e investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), da Universidade do Porto.
O iodo pode ser ingerido através do consumo de sal iodado, de alimentos do mar (como peixes, mariscos e algas) e de frutas e legumes cultivados em terras perto do mar. O aporte insuficiente deste nutriente compromete a produção de hormonas da tiróide, essenciais para o desenvolvimento cognitivo e para o crescimento saudável das crianças. Apesar da sensibilização da Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma ingestão adequada de iodo, estima-se que em todo o mundo um terço das crianças apresente níveis insuficientes deste mineral.
“Vários países já iniciaram programas alimentares de suplementação de iodo, mas Portugal não dispõe ainda de dados robustos nem de políticas alimentares sobre esta questão”, nota a investigadora, defendendo que é fundamental encontrar consensos sobre a forma de resolver este “grave problema de Saúde Pública”.