Silêncio que se vai ouvir poesia...

O Auditório da Casa Comum  já está “à pinha” quando as luzes se extinguem. No chão, os corpos debatem-se entre as almofadas distribuídas à entrada. Faz-se silêncio, logo interrompido pelas vozes que, na hora seguinte, hão-de guiar a audiência pelos mundos imaginários de João Gesta e João Habitualmente. A “viagem” começa… A primeira de muitas que, até final deste ano, vão trazer à Reitoria da Universidade do Porto alguns dos mais reconhecidos poetas portugueses, no âmbito do ciclo Ouvir, 59 minutos de imersão poética.

“Com este ciclo, a Casa Comum, que já é tantas coisas – é a casa da arte, é a casa da ciência… – assumiu-se também como a Casa da Poesia“, resume Fátima Vieira, Pró-Reitora da U.Porto com o pelouro da Cultura e uma das mentoras do projeto que conta com a parceria da Porto Editora.

“A poesia ganhou um palco importante!”

E se a Casa cheia é por si motivo de regozijo, a ideia colhe também o consenso entre os convidados. “Foi muito interessante. O que gostei mais foi de ouvir os meus próprios poemas às escuras. É sensação que nunca tinha tido e achei muito excitante e inusitado”, destaca João Gesta.

Para João Habitualmente – pseudónimo de Luís Fernandes, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP) – a sensação é ainda mais desconcertante. “Eu nunca misturo os dois ‘personagens’, mas esta iniciativa obrigou-me a fazê-lo e isso foi desde logo muito bom. Em segundo lugar, acho extraordinário o facto de a Universalidade ter um ciclo poético, já com sessões agendadas até final do ano. A poesia ganhou um palco importante!”.

Presença destacada na sessão inaugural do ciclo foi também a do escritor Valter Hugo Mãe, responsável pela coordenação da coleção o elogio da sombra, editada pela Porto Editora. “A ideia que a Reitoria teve é brilhante. Convidar as pessoas para esta intimidade que depois é quebrada com a conversa com os autores, mas que começa a ser um primeiro passo para o poema. É maravilhoso!”