O investigador Henrique Duarte, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), é o vencedor da terceira edição do Prémio Francisco Augusto da Fonseca Dias e Maria José Melenas da Fonseca Dias para Jovens Investigadores, no valor de 50 mil euros. O projeto distinguido tem como objetivo identificar novos marcadores moleculares de prognóstico em pacientes com cancro do estômago avançado e perceber se estes marcadores podem indicar como os doentes vão reagir a uma das principais terapias existentes.

O júri do Prémio, constituído por Manuel Sobrinho Simões, presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), Mário Dinis Ribeiro, professor catedrático convidado da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), e José de Almeida Vicente, investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico, destacou a “qualidade do projeto” e o «potencial de aplicação em produtos ou processos destinados ao diagnóstico, prognóstico, tratamento ou prevenção de doenças cancerosas ou pré-cancerosas».

A equipa de investigação que Henrique Duarte integra descobriu recentemente um mecanismo molecular através do qual os glicanos (cadeias de açúcares presentes nas células) conferem resistência a um anticorpo terapêutico. A identificação deste mecanismo explica a resistência de alguns doentes com cancro gástrico a este agente, que representa uma das poucas terapias personalizadas aprovadas para o tratamento de pacientes com cancro gástrico de estádio IV (avançado e com metástases) positivo para o recetor oncogénico ErbB2 (cerca de 10-15% dos casos de cancro do estômago).

A partir desta descoberta, o investigador pretende agora encontrar novos marcadores de prognóstico em pacientes com cancro do estômago e de previsão da sobrevida ou evolução clínica destes doentes.

“Uma enorme fonte de reconhecimento”

Denominado LOGIC – “Glycoform-Specific Detection of ErbB2 in Gastric Cancer: Improving Patient Stratification and Redefining Eligibility for Anti-ErbB2 Targeted Therapy”, o projeto agora premiado apresenta também como objetivo “identificar se estes mesmos marcadores moleculares podem prever se doentes com cancro do estômago ErbB2-positivo vão beneficiar da terapia com este anticorpo”. «Se soubermos isso, podemos estratificar melhor os pacientes e garantir uma otimização na alocação de recursos”.

Para Henrique Duarte, a conquista deste prémio representa uma “honra e um orgulho”: “Desde muito jovem que sonho poder vir a trabalhar na área da investigação em oncologia, mais especificamente no Ipatimup (agora integrado no i3S), reconhecido mundialmente!”.

O jovem cientista acrescenta ainda que “receber este prémio pouco tempo depois da conclusão do meu doutoramento é uma enorme fonte de reconhecimento, mas principalmente de motivação para que continuemos a trabalhar no sentido de melhorar a qualidade de vida de pacientes afetados por esta doença terrível”.

O projeto liderado por Henrique Duarte será implementado no grupo «Glicobiologia no Cancro do Ipatimup/i3S, por uma equipa multidisciplinar, que inclui também os investigadores Celso Reis, líder do grupo, e Joana Gomes. O projeto conta ainda com a participação do Centro Hospitalar Universitário São João, Centro Hospitalar Universitário do Porto e IPO-Porto.

Sobre o Prémio para Jovens Investigadores

Criado em 2018, o Prémio Francisco Augusto da Fonseca Dias e Maria José Melenas da Fonseca Dias para Jovens Investigadores, resulta do legado da D. Maria José Alves Melenas Dias ao Ipatimup, com o objetivo de apoiar a investigação científica em Cancro e Doenças Pré-Cancerosas.

As atividades de investigação serão realizadas no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, de preferência em articulação com um ou vários hospitais centrais que com ele colaboram (Centro Hospitalar do Porto, Centro Hospitalar de São João e IPO-Porto).

A primeira edição do galardão foi conquistada pela investigadora Patrícia Guerreiro, do grupo «Cytoskeletal Regulation & Cancer» do i3S.