Natural do Porto, André Camelo tem a sua formação compreendida entre a cidade onde cresceu, e as longas temporadas passadas na casa dos avôs, no lugar de Bouçó; vivências divididas entre uma urbanidade repleta de gente, onde adquiriu as rotinas, e a simplicidade, a redução ao silêncio de um lugar rodeado pela natureza, onde o tempo parecia diluir-se.
Já como estudante da Faculdade de Arquitectura da U.Porto, ruma a Itália, que recorda e retém de viagens na adolescência, para estudar ao abrigo do programa ERASMUS no Politécnico de Milão. Após terminar a licenciatura, em 2001, a vontade de complementar a formação anterior leva-o a frequentar a pós-graduação em Reabilitação do Património Edificado, na Faculdade de Engenharia da U.Porto e, mais tarde, outra pós-graduação na Porto Business School.
Consequência natural desse percurso é a abertura da CREA em 2013, um gabinete e espaço de reflexão sobre a arquitetura, desenvolvendo nesse trajeto projetos com enfoque na reabilitação, que entretanto ganha renovada dinâmica na cidade do Porto. Incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, a CREA desenvolveu projetos diversificados em escala e programas, destacando-se a nova sede da Misericórdia do Porto, no Palacete Araújo Porto (vencedor do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana em 2017); o novo jardim de infância que integra a reabilitação da Escola do Bom Sucesso; bem como reabilitação de edifícios para habitação coletiva e moradias unifamiliares.
Entre os projetos elaborados por André Camelo/ CREA inclui-se ainda a reabilitação da Casa Heróis de África, em Leça da Palmeira, distinguida recentemente como uma das 100 melhores casas de 2018, de acordo com o ArchDaily, o site de arquitetura mais visitado do mundo.
– Naturalidade? Porto.
– Idade? 43 anos.
– De que mais gosta na Universidade do Porto?
O potencial de crescimento logo ali à distância da mão e da vontade.
– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Algum encapsulamento…
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Ser mais fluída na interceção com a comunidade.
– Como prefere passar os tempos livres?
Com música, e de igual forma os tempos ocupados sempre que possível…
– Um livro preferido?
Serão vários cada a pontuar uma idade … mas escolho O Idiota, de Fiódor Dostoiévski.
– Um disco/músico preferido?
Sometimes I Wish We Were an Eagle, de Bill Callahan. E Stravinsky, entre a Firebird Suite e a Sagração da Primavera.
– Um prato preferido?
Um arroz de lingueirão, ao pé do mar de Cacela Velha.
– Um filme preferido?
Ordet (A Palavra) de Carl Dreyer.
– Uma viagem de sonho?
A Roden Crater, no Estado do Arizona, US.
– Um objetivo de vida?
Na impermanência de tudo, ter a coragem de me arriscar.
– Uma inspiração?
Várias… Louis Kahn, Fernando Távora…
– O projeto da sua vida…
O que ainda está para vir e me é ainda desconhecido.
–Um conselho para jovens que estão a terminar o curso de arquitetura e querem criar uma empresa?
Cada um a seu tempo, arriscarem, e se isso lhes for coerente, procurarem o prazer na sua ocupação diária, e mesmo que isso por vezes se dilua tanto em tarefas quotidianas, nunca desistirem de o procurar.