O ano de 2024 começou da melhor forma para Hélder Oliveira, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC). Está à frente de dois grandes projetos na área da inteligência artificial que, no total, perfazem um investimento de mais de 15 milhões de euros. Em comum, têm a aplicabilidade à área da saúde e motivam o investigador que ambiciona “contribuir para um mundo melhor”. 

Anunciado no início de janeiro, o PHASE IV AI (Privacy Compliant Health Data As A Service For AI Development) aponta ao desenvolvimento de ferramentas para o auxílio de cuidados de saúde preventivos e na tomada de decisões clínicas. Já o Ai4Lungs é o primeiro grande projeto em saúde liderado pelo INESC TEC e visa melhorar o diagnóstico e tratamento de doenças pulmonares. 

Natural do Porto, Hélder Oliveira completou todo o seu percurso académico na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP). Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (2004), completou ainda o mestrado em Automação, Instrumentação e Controlo (2008) e o doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (2013).

Em 2008, entrou no INESC TEC, onde lidera o grupo de investigação em «Visual Computing and Machine Intelligence Area». Já na FCUP, assumiu, no final do ano passado, funções como professor auxiliar, após sete anos como docente convidado. 

Aos 43 anos, concilia a investigação e a docência com a leitura dos livros da saga de Harry Potter. Ao mesmo tempo que faz “magia” ao usar o poder da inteligência artificial para melhorar a imagem médica (e não só), revisita o mundo de Hogwarts, pelo qual se apaixonou através dos filmes.

Sobre os medos relativamente ao futuro da IA, considera que é preciso quebrar o feitiço, porque esta área “pode trazer mais benefícios do que prejudicar”.

Hélder Oliveira (à esq.ª) lidera o grupo de investigação do INESC TEC em «Visual Computing and Machine Intelligence Area». (Foto: DR)

Naturalidade? Porto

Idade? 43 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Dos estudantes. Dá-me um prazer enorme passar conhecimento e conversar com eles no dia a dia.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A Burocracia… que não é obviamente um problema só das Universidades, mas atrapalha bastante em alguns casos.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

No seguimento da pergunta anterior, agilizar e simplificar os processos para que não se perca demasiado tempo com coisas desnecessárias. Tira-nos tempo para coisas mais essenciais.

– Como prefere passar os tempos livres?

Desporto, viajar, jogar jogos (vídeo, tabuleiro).

– Um livro preferido?

Ando a ler os livros do Harry Potter. Não os li em novo (e apaixonei-me pela saga através dos filmes).

– Um disco/músico preferido?

A nível internacional, qualquer música dos Queen. A nível nacional, Xutos e Pontapés.

– Um prato preferido?

Não consigo dizer só um! Tripas à moda do Porto, Cozido à Portuguesa, Francesinha, Picanha… é melhor parar por aqui… 🙂

– Um filme preferido?

Qualquer filme com o Tom Hanks. E, obviamente, a saga do Harry Potter.

– Uma viagem de sonho?

Já fiz viagens fantásticas onde destaco a Austrália, Argentina, Brasil.

Talvez voltar novamente ao outro lado do mundo, faltou muito para ver, basicamente só explorei o sul da Austrália.

– Um objetivo de vida?

Contribuir para um  mundo melhor, de uma forma socialmente responsável, mas também através da investigação que faço.

– Uma inspiração?

Foi ainda na Licenciatura que decidi que queria seguir a carreira académica. Mas foi no Doutoramento que sinto que me moldei como investigador, e para isso muito contribuiu o meu orientador, o Jaime Cardoso, também docente da U.Porto. Cada pessoa é diferente e certamente cada um de nós coloca o seu cunho pessoal em todas as atividades em que se envolve, mas com ele aprendi a ser melhor investigador sendo uma inspiração para aquilo que sou hoje, e muito me orgulho em ter sido orientado por ele.

– O projeto da sua vida…

O maior projeto de vida é a família, em particular os dois “pirralhos” que tenho cá por casa 😉

A nível profissional e nomeadamente na investigação já tive vários projetos no passado, tenho muitos ativos no presente e certamente terei muitos outros no futuro. Por isso não existe um projeto de vida único e particular, é um ciclo contínuo na procura de novos desafios.

– Quais são os principais desafios que a Inteligência artificial trará para a sociedade num futuro próximo?

Nos últimos tempos a Inteligência Artificial atingiu uma notoriedade ímpar com as evoluções recentes, criando um impacto na sociedade que nunca tinha acontecido. Um dos principais desafios passa pela aceitação de forma generalizada que a Inteligência Artificial pode trazer mais benefícios do que prejudicar.

Grande parte da sociedade continua com receio na sua utilização. Isso também terá um impacto profundo ao nível das academias, nomeadamente nas atividades letivas, onde a Inteligência Artificial poderá trazer grandes benefícios aos sistemas educativos, mas para isso teremos de fazer algumas adaptações à forma como ensinamos.