A investigadora Flávia Castro, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente distinguida com o Best Poster Award atribuído pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) como reconhecimento de um trabalho de investigação na área do cancro da mama, apresentado durante a Web Conference Cancer Biology: from basic to Translational Research.

O trabalho desenvolvido por Flávia Castro, intitulado “Chitosan/g-PGA nanoparticles-based immunotherapy as adjuvant to radiotherapy in breast cancer», foi coordenado pelas investigadoras Maria José Oliveira e Raquel Gonçalves em estreita colaboração com os investigadores Mário Barbosa e Fátima Gartner, do i3S, e Olivier de Wever, do Laboratory of Experimental Cancer Research, em Ghent, na Bélgica.

Este estudo baseia-se no papel imunomodelador das nanopartículas de quitosano e ácido-poli-g-glutâmico (polímeros de origem natural), recentemente publicado pela investigadora na revista científica “Biomaterials”, uma das mais prestigiadas na área dos Biomateriais e do Desenvolvimento de Terapias.

Os resultados demonstraram, num modelo animal de cancro da mama, que as nanopartículas destas substâncias de origem natural, quando combinadas com terapias convencionais, como a radioterapia, diminuem significativamente o crescimento do tumor primário e inibem a formação de metástases pulmonares, esclarece Flávia Castro. Basicamente, o que acontece é que se verifica uma modificação da resposta imune, ou seja, uma diminuição das células imunossupressoras e um aumento das células T, precisamente as células do sistema imunitário que vão atacar o tumor.

Estes resultados evidenciam que as “nanopartículas destes polímeros naturais, através da regulação da resposta imune, potenciam o efeito anti-tumoral da radioterapia e são muito promissoras como terapias combinatórias no tratamento de cancro”, sublinha a investigadora, que concluiu recentemente o Programa Doutoral em Biotecnologia Molecular e Celular Aplicada às Ciências da Saúde (BiotechHealth) do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Na verdade, este prémio representa mais um reconhecimento do trabalho consistente que Flávia Castro tem vindo a desenvolver. Em 2019, foi premiada com o Best Student Award pela Sociedade Europeia de Biomateriais . Recebeu ainda distinções relevantes de organismos como a European Association for Cancer Research (EACR), a Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC), ou a Sociedade Portuguesa de Imunologia (SPI).

O trabalho agora premiado integra-se num projeto financiado em 2018 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e liderado pela investigadora do i3S Maria José Oliveira.