Os oceanos são uma fonte inesgotável de recursos: fornecem-nos comida e oxigénio, são rotas comerciais e amortecedores climáticos. No entanto, e numa altura em que a elevação do nível do mar e o aquecimento global assumem contornos preocupantes, ainda existem muitas lacunas sobre o interior dos oceanos. Ora, foi para supri-las que nasceu o EuroSea , um projeto internacional que tem como parceiro o Laboratório de Sistemas Subaquáticos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)  e que vai investir 12,6 milhões de euros de financiamento europeu no desenvolvimento de estratégias a adotar para um uso mais sustentável dos oceanos.

Coordenado a partir do Centro GEOMAR Helmholtz de Pesquisa Oceânica de Kiel, na Alemanha, o EuroSea tem como grande objetivo melhorar as medições diretas (ou in situ) dos oceanos. Em paralelo, este consórcio – que reúne um total de 55 entidades – vai centrar-se igualmente na qualidade e usabilidade dos dados coletivos e nos sistemas que os utilizam para serviços de previsão operacional.

“Para este fim, estamos a trabalhar em estreita colaboração com as bases de dados e infraestruturas marítimas existentes e com o projeto EU Blue-Cloud para melhorar as capacidades nessas áreas e facilitar o intercâmbio eficiente de dados”, enfatiza Toste Tanhua, coordenador do projeto. Os dados do oceano devem estar em conformidade com o padrão FAIR (localizável, acessível, interoperável, reutilizável). “Infelizmente, nem sempre acontece”, garante o responsável.

O papel da FEUP

“A participação do LSTS neste projeto endereça as componentes de cooperação entre múltiplos veículos, em particular de superfície, em que o nosso laboratório se tem especializado, não só a nível do desenvolvimento de veículos e de sofware, mas também a nível experimental. Temos estado envolvidos em operações bem sucedidas nos oceanos Pacífico, Atlântico e Ártico, bem como nos mares Mediterrâneo e Adriático e também no Golfo Pérsico. Esta participação é também o reconhecimento da capacidade de liderança do LSTS nesta área”, garante João Tasso, responsável pelo laboratório da FEUP.

“Queremos abrir caminho para um sistema de observação oceânica sustentada que não seja exclusiva dos investigadores, mas que integre também os principais players da indústria pesqueira, da aquicultura, proteção costeira, geração de energia offshore e, finalmente, o público com as informações de que precisam e exigem. Ao fazer isso, estamos também a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a Década das Nações Unidas para a Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável e o Futuro dos Mares e Oceanos da Iniciativa G7 “, esclarece Toste Tanhua.

Os parceiros do EuroSea

Os parceiros do consórcio são instituições científicas e parceiros não governamentais de 13 países europeus, Brasil e Canadá. Integra também organizações e redes intergovernamentais, como a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI-UNESCO), o Conselho Marinho Europeu e a parte europeia do Sistema Global de Observação do Oceano (EuroGOOS). Estão ainda envolvidos parceiros ligados À indústria, nomeadamente empresas de desenvolvimento de tecnologias e serviços de observação oceânica.