Susana Junqueira Neto, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e estudante do programa doutoral em Biomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), foi recentemente distinguida com o Prémio de Melhor Comunicação Oral no XXVIII Congresso de Pneumologia do Norte, que teve lugar a 8 e 9 de outubro. O trabalho de investigação premado foca-se na resistência das células tumorais do pulmão às terapias dirigidas e aponta caminhos para novos tratamentos.

A resistência à terapia anti-EGFR é quase sempre observada em doentes com cancro do pulmão, e em cerca de 50% destes doentes essa resistência deve-se a uma mutação presente nas células tumorais que se dividem e transmitem essa mutação à descendência. A isto chama-se «transmissão (de resistência) vertical». No entanto, adianta a investigadora, os dados clínicos existentes mostram que apenas uma parte das células tumorais que adquirem resistência contêm essa mutação, o que “indica que existem outros mecanismos presentes nas células tumorais que explicam a resistência generalizada à terapia”.

Neste trabalho, denominado «Transferência horizontal de resistência à terapia anti-EGFR entre células de cancro do pulmão», são apresentados resultados que sugerem que a resistência ao tratamento anti-EGFR em cancro do pulmão pode ser transmitida pelas células tumorais de uma forma “horizontal”, ou seja, “através da comunicação que as células estabelecem entre si”, explica Susana Junqueira Neto.

Os resultados alcançados “questionam o que já se conhecia sobre a aquisição de resistência a terapias dirigidas”, sublinha a investigadora do grupo «Intercellular Communication and Cancer» do i3S, e “abrem a porta à utilização da comunicação intercelular e do tráfego intracelular como potenciais alvos terapêuticos”.

O Prémio de melhor comunicação oral no XXVIII Congresso de Pneumologia do Norte consiste numa inscrição para o congresso europeu ERS 2022 (European Respiratory Society International Congress), o que, para a investigadora representa “uma oportunidade fantástica para divulgar o meu trabalho a nível internacional”.