Apoiar e incentivar a inovação em Portugal, distinguindo e premiando ideias, soluções e tecnologias de excelência científica, capazes de dar resposta às principais prioridades europeias é o grande objetivo do Prémio Inova+, patrocinado pela consultora portuguesa. A primeira edição distinguiu seis projetos focados nas áreas da Inteligência Artificial, Sustentabilidade dos recursos naturais e dos ecossistemas e Soluções digitais para cidades resilientes. A cerimónia de entrega decorreu no dia 26 de setembro, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

“A inovação em Portugal nunca foi tão dinâmica. Pela primeira vez, a despesa em I&D ultrapassou os 3 mil milhões em 2021 e nunca empresas e instituições tiveram tantos profissionais a trabalhar na inovação”, afirma Eurico Neves, Chairman da INOVA+.

“Este prémio de inovação integra a nossa visão de um ecossistema de inovação aberto e multipolar, promovendo a cooperação, as parcerias e experiência internacionais e com um enfoque tecnológico. É nesta visão que temos o nosso conhecimento e expertise aplicados, apoiando no acesso a fontes de financiamento, como é o caso de fundos europeus nacionais e transnacionais”, acrescenta o responsável.

Com o Alto Patrocínio do Presidente da República, o Prémio INOVA+ tem como parceiros a Agência Nacional da Inovação (ANI), o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e a AIP – Associação Industrial Portuguesa.

Projeto da “casa” entre os premiados

Pedro Teixeira, antigo estudante da FEUP, foi um dos premiados na categoria de Soluções Digitais para Cidades Resilientes, graças à MyGreenApp, uma app concebida para ajudar pessoas e organizações a reduzir o seu impacto ecológico através de uma ferramenta simples e acessível para monitorizar e compensar a sua pegada carbónica.

Da ideia surgida da colaboração de quatro estudantes de mestrado em Engenharia Ambiental da FEUP, nasceu uma empresa, constituída em 2021, também em parceria com a FEUP. Nesse nesse mesmo ano, a MyGreenApp foi selecionada entre mais de 100 startups internacionais para participar no Jump Start Bootcamp, desenvolvido pela Prio Energy, e entre as 100 melhores de 3.000 propostas no Energy Globe Award 2021.

Ainda na categoria de Soluções Digitais para Cidades Resilientes, João Pereira viu o projeto SmartRFID – Long-Range Smart RFID Location for Resilient Cities, um inovador sistema de localização RFID de longa distância para localizar pessoas, animais ou produtos em ambientes residenciais, comerciais e industriais, ser também distinguido pelo júri.

A Ethiack, representada por Jorge Monteiro, foi distinguida na categoria Inteligência Artificial pelo projeto Ethically-Driven Security For the Digital Age, que pretende oferecer uma solução de cibersegurança autónoma numa abordagem black box, através da utilização de Inteligência Artificial e ethical hackers. O projeto materializa-se na plataforma simbiótica em que hackers éticos testam as vulnerabilidades das soluções auxiliando as organizações a prevenir o cibercrime.

Na mesma categoria, foi a vez de Catarina Moreira ver o seu projeto XENIA – eXplainable Enhanced diagNostics Interactively through AI) levar o prémio de Excelência Científica para casa. O motivo? Um sistema que investiga como a informação do registo de movimentos oculares pode ser utilizada para ensinar a uma máquina como é que radiologistas analisam e classificam as imagens. O projeto tem como objetivo a criação de arquiteturas de Inteligência Artificial human centric para instruir radiologistas com pouca experiência a analisar imagens de raio-X.

A área de Sustentabilidade dos recursos naturais e dos ecossistemas premiou também duas investigadoras. Tânia Simões, da Neutroplast, que apresentou o projeto SeaRubbish2Cap, focado na identificação e recuperação de lixo do leito oceânico sem danos para o ecossistema, tratando estes resíduos de forma a serem incorporados em produtos de valor acrescentado. O projeto prevê a recolha de cinco toneladas de resíduos plásticos na área de Peniche, com a previsão de uma produção superior a 2,5 toneladas de pellets para utilização em embalagens.

A outar premiada foi Joana Rosa, investigadora resposnável pelo projeto CELLAQUA – New tools to stimulate cell-based seafood production in Portugal, que prevê o desenvolvimento de linhas celulares de peixes para a aquacultura moderna. O foco do projeto envolve espécies de peixe magro com elevado potencial de marketing e aceitação pelo consumidor e que não são atualmente produzidos em aquacultura das quais não existem linhas celulares disponíveis.

Homenagem póstuma a Fernando Lobo Pereira

A cerimónia incluiu ainda a atribuição, a título póstumo, do Prémio Inova+, na categoria de Excelência Científica, a Fernando Lobo Pereira (1957-2022), professor da FEUP recentemente falecido e que se notabilizou nos domínios de sistemas de controlo, sistemas autónomos, ou aplicações de controlo em robótica móvel, potência e sistemas de fabrico.

O júri, que reuniu diversos representantes do mundo académico e empresarial (Eurico Neves, Chairman da INOVA+, Goreti Sales, Professora Associada da FCTUC, Lillian Barros, Investigadora no CIMO-IPB, Gil Gonçalves, Professor da FEUP e Verónica Orvalho, professora da Faculdade de Ciências da U.Porto fundadora e CEO da DIDIMO), destacou Fernando Lobo Pereira “pela notável carreira de investigação, produção científica, participação em projetos de I&D, nacionais e internacionais, e painéis de avaliação nos domínios de sistemas de controlo, sistemas autónomos, bem como, aplicações de controlo em robótica móvel, potência e sistemas de fabrico”.

Também  José Neves, CEO da Farfetch, foi distinguido com o Prémio de Excelência Empresarial, pelo contributo na inovação do tecido empresarial português.

A cerimónia contou com a presença de Isabel Ferreira, Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, de Diogo Gomes de Araújo, Diretor de Capacitação do Sistema Nacional de Inovação na ANI, de Joana Resende, Vice-Reitora da Universidade do Porto, de Eurico Neves, Chairman da INOVA+ e João Falcão e Cunha, Diretor da FEUP.