Uma equipa de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) desenvolveu um sistema inovador para diagnóstico de nódulos pulmonares.

O cancro do pulmão é o mais letal a nível mundial. Apesar de o diagnóstico precoce ter aumentado significativamente o sucesso das terapêuticas, o rastreio ainda é um processo complexo devido à quantidade de imagens que são necessárias analisar. Para além disso, podem existir falhas na identificação e observação de nódulos pulmonares devido a fatores humanos.

Foram estas condicionantes que motivaram os investigadores a desenvolverem a nova tecnologia, já testada no departamento de radiologia do CHUSJ, e assente em três módulos: deteção, caracterização e determinação da malignidade de nódulos pulmonares.

Para além do protótipo de três módulos, foi também criada uma base de dados anotada de imagens de Tomografia Computadorizada que contém uma grande variedade de nódulos, com diferentes tamanhos, posições, formas e texturas, e o mapa de observação de radiologistas durante o processo de anotação dos exames.

“Esta nova tecnologia de deteção poderá ser usada em investigações futuras, tendo em vista o desenvolvimento de sistemas mais robustos para o diagnóstico dos nódulos pulmonares, que funcionem como uma segunda opinião para os médicos radiologistas”, explica António Cunha, investigador do INESC TEC.

Onde está a inovação?

Já existiam alguns métodos de apoio ao diagnóstico no que respeita à deteção, segmentação e classificação de nódulos pulmonares. Contudo, a tecnologia agora desenvolvida também sugere o follow-up que um paciente deve seguir.

“Os nódulos pulmonares apresentam uma grande variedade de formas e texturas, o que faz com que identificá-los e caracterizá-los seja uma tarefa bastante complexa, especialmente para nódulos pequenos. No entanto, aprendendo através de milhares de exemplos de nódulos, conseguimos melhorar significativamente a sua deteção, o que tem um impacto significativo no diagnóstico, follow-up e tratamento de um paciente na vida real.”, refere António Cunha.

O protótipo desenvolvido neste projeto, denominado LNDetector (Sistema Automático de Deteção, Segmentação e Classificação de Nódulos Pulmonares em Imagens de Tomografia Computorizada) e que recebeu um financiamento de 168.461€ da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), já venceu um prémio para melhor demo na conferência RECPAD 2019, dedicada à comunidade científica portuguesa que estuda as áreas de reconhecimento de padrões, análise e processamento de imagem, computação e áreas relacionadas.

Para Isabel Ramos, diretora do serviço de Radiologia do CHUSJ, “o desenvolvimento na área da inteligência artificial e ‘big data’ está a abrir novas oportunidades no setor da saúde, e os avanços da tecnologia que se preveem prometem novos desafios para todos os que trabalhem nesta área.”