A primeira fase da construção do novo Parque da Alameda de Cartes, em Campanhã, já está aberta à população, tendo a inauguração ocorrido esta terça-feira. Este novo espaço verde, desenhado por uma equipa de arquitetos paisagistas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), vai funcionar como espaço de convívio, recreio e contemplação, prevendo-se o fim da intervenção para julho.

“É um parque verde de acesso público, multifuncional e inclusivo, promotor da melhoria da qualidade de vida das populações locais.” É assim que o descreve José Miguel Lameiras, docente e arquiteto paisagista da FCUP responsável pelo projeto.

Atualmente, a população já tem ao seu dispor corredores pedonais e cicláveis, uma série de arruamentos que permitem uma circulação mais fluida de quem frequenta os bairros do Falcão, do Certo e do Lagarteiro, a Escola do Falcão, o Campo de Campanhã, a Piscina de Cartes ou mesmo a Horta das Oliveiras. A área de intervenção deste parque, que se desenvolve na freguesia de Campanhã, assume particular relevância pelo seu potencial de coesão social e territorial, e proximidade entre áreas habitacionais, equipamentos, serviços e parques de uso público.

Quando for concluído, este parque terá cerca de 40 mil metros quadrados. 

A abertura da fase 1 contou com a presença do arquiteto paisagista José Miguel Lameiras (à esquerda), que visitou a obra juntamente com os responsáveis pela autarquia. Foto: Miguel Nogueira/CMPorto

Um parque com um “enorme impacto ambiental”

Para além da melhoria para a população local, José Miguel Lameiras, que +e também docente no Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território na FCUP, não tem dúvidas de que terá um “enorme impacto ambiental”. Garante, em notícia publicada na página da Câmara Municipal do Porto e que dá conta da inauguração, que, neste espaço, “100% da água das chuvas são geridas e infiltradas no local”. 

Com a construção de grandes áreas impermeáveis, “quando chove, quer as áreas verdes, quer as áreas pavimentadas, encaminham as águas para as micro represas, que fazem alguma infiltração e retêm a água durante algum tempo, e vão-na distribuindo”, explica.

O processo é contínuo: “daí, a água é reencaminhada para bacias de retenção, que têm um perfil drenante, ou seja, quando chove, elas infiltram água, mas também têm capacidade de armazenamento e de infiltração ao nível do subsolo”. E, no seguimento das grandes chuvadas que se fizeram sentir nas últimas semanas, já é possível observar a ação destas bacias no local. As soluções estão a dar resposta e a cumprir a sua função.

Além disso, acrescenta o arquiteto paisagista da FCUP, este parque “tem um conjunto de árvores de crescimento rápido que vão dominar a paisagem nos primeiros cinco a dez anos e que estão lá para criar condições para a instalação das árvores de crescimento lento, os carvalhais, que irão dominar a composição ao fim de 20 anos. São essas árvores que vão ser as grandes fixadoras de carbono”.

Neste projeto, enquadrado no âmbito do projeto URBiNAT (Urban Innovative & Inclusive Nature – Healthy Corridor as drivers of housing neighbourhoods for the co-creation of social, environmental and marketable NBS), do programa Horizonte 2020, estiveram também envolvidos os docentes da FCUP, Teresa Portela Marques e Paulo Farinha Marques, e os bolseiros de investigação, David Campos, Rosendo Silva e Beatriz Truta, mestres em arquitetura paisagista pela FCUP. Concluída a obra, a equipa da FCUP vai desenvolver uma avaliação pós ocupacional e monitorizar a evolução do Parque.

Para além da FCUP e do CIBIO/BIOPOLIS, fizeram também parte do grupo de trabalho a Universidade de Coimbra (UC), a Give U Design and Art (GUDA), o Centro de Estudos Sociais (CES), a Câmara Municipal do Porto e a empresa municipal Domus Social. Os projetos de especialidades foram desenvolvidos em articulação com a SOPSEC. A gestão do projeto e da obra é da responsabilidade da empresa municipal GOPorto.

A intervenção, cujo início foi anunciado em 2022, correspondeu a um investimento municipal de 2,2 milhões de euros, tendo contado com financiamento europeu ao abrigo do programa Horizonte 2020.