Estudar o papel do microambiente da medula óssea na progressão e recidiva da leucemia mieloide aguda (LMA) e desenvolver novos tratamentos são os principais objetivos do projeto liderado pelo médico e investigador Delfim Duarte, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), que acaba de ser financiado pela Worldwide Cancer Research com 235 mil euros.

O trabalho, que terá a duração de três anos, será realizado nos laboratórios do i3S, em colaboração com o IPO do Porto, no contexto do Porto.Comprehensive Cancer Centre Raquel Seruca.

A LMA é a leucemia aguda mais comum em adultos, embora afete pessoas de todas as idades, inclusivamente crianças. Trata-se de uma forma de cancro do sangue rara, que decorre da mutação de células que residem na medula óssea (células hematopoiéticas, estaminais e progenitoras), e tem uma evolução rápida e agressiva, pelo que está associada a uma elevada taxa de mortalidade. Um dos principais problemas da LMA consiste também na persistência de doença após tratamento de quimioterapia, o que leva à recidiva.

O investigador Delfim Duarte, líder do grupo do i3S em «Hematopoiesis and Microenvironments», pretende precisamente encontrar novos tratamentos para melhorar a sobrevivência dos doentes com LMA. Para isso, vai apostar numa abordagem inovadora centrada em células da medula óssea que não produzem células sanguíneas, mas que fornecem um microambiente que permitem que estas se formem.

Mais concretamente, o investigador vai focar-se nas células do estroma da medula óssea, já que, explica, “estudos prévios mostram que estas células que constituem o microambiente da medula óssea promovem o crescimento e suportam a sobrevivência das células malignas de LMA”.

Neste estudo, acrescenta Delfim Duarte, “vamos utilizar técnicas inovadoras de microscopia, modelos pré-clinicos animais de LMA e amostras de doentes para identificar com precisão a identidade destas células do microambiente”. O objetivo será caracterizar esse microambiente na fase inicial da doença e na recidiva.

A partir daí, a equipa do i3S vai “manipular os fatores identificados com o objetivo de desenvolver novos tratamentos”. Para isso, os investigadores vão utilizar modelos genéticos animais para manipular os fatores identificados e dessa forma inibir a proteção do microambiente. Posteriormente, e com base nos resultados obtidos, “serão testados novos tratamentos farmacológicos para que possam ter aplicação clínica no futuro”.

Sobre a Worldwide Cancer Research

A Worldwide Cancer Research é uma instituição escocesa sem fins lucrativos que financia investigação básica ou fundamental em todo o mundo com o objetivo de ajudar os cientistas a colocar grandes e novas questões sobre o funcionamento do cancro e lançar as bases para a cura do cancro.

Fundada em 1979, a Worldwide Cancer Research já financiou cientistas de 35 países com mais de 200 milhões de libras. A instituição pretende apoiar a fase inicial de trabalhos de investigação inovadores dando aos cientistas o tempo e as ferramentas de que necessitam para encontrar novas formas de prevenir, diagnosticar e tratar o cancro.