O Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) vai participar nos Roteiros do Conhecimento 2024, propondo dois roteiros que convidam a conhecer dois “tesouros” da instituição: o Laboratório Ferreira da Silva e o Herbário do MHNC-UP.
Os Laboratórios de Ferreira da SIlva: Em prol do Ensino e da Investigação em Análise Química é o título da proposta que, nos dias 10 e fevereiro e 2 de junho, convida a revisitar a história do ensino e da prática da Química na cidade do Porto.
Para tal, recuamos no tempo até 2 de junho de 1884, data em que abriu ao público o Laboratorio Municipal de Chimica, com a missão de analisar a qualidade dos géneros alimentícios e de detetar eventuais falsificações. Criado por iniciativa da Câmara Municipal, foi montado e seria gerido por António Ferreira da Silva (1853-1923), lente de química da Academia Politécnica e, já depois da criação da U.Porto (em 1911), diretor da Faculdade de Ciências (FCUP).
O Laboratorio Municipal alcançou grande notoriedade, vendo-se inclusivamente envolvido em dois casos mediáticos nos finais do séc. XIX – o caso médico legal Urbino de Freitas e a questão da suposta salicilagem dos vinhos portugueses exportados para o Brasil. O prestígio de Ferreira da Silva, considerado o “pai” da Toxicologia Forense em Portugal, permitiu-lhe, após o encerramento imprevisto e arbitrário do Laboratorio Municipal em 1907, reclamar uma parte significativa das áreas novas do edifício recém-concluído da Academia, dando origem ao “grande laboratório de química analítica”, rebatizado “Laboratório Ferreira da Silva” em 1922 e recentemente requalificado.
Na companhia da curadora de instrumentos científicos do MHNC-UP, os participantes deste Roteiro do Conhecimento vão começar assim por visitar o local onde antes se ergueu o Laboratório Municipal, em plena Avenida dos Aliados.. O grupo seguirá depois para o Edifício Histórico da Universidade do Porto, onde terá a oportunidade de conhecer o laboratório em que Ferreira da Silva terá tido o primeiro contacto com a Química e que voltou a acolhê-lo já como lente, bem como o Laboratório Ferreira da Silva.
Com a duração prevista de duas horas, ambas as sessões deste roteiro – integrado no programa Química para a vida – terão início às 10h00 e serão dinamizadas por Marisa Monteiro, Curadora de instrumentos científicos do MHNC. O ponto de encontro será na Avenida dos Aliados, junto à estátua de Almeida Garrett, na frente da Câmara Municipal do Porto.
Uma janela para o passado
Já em pleno verão, o MHNC-UP abre as portas do Herbário da Universidade do Porto: Janela Botânica para o Passado da Cidade, título da proposta que, na tarde de 6 de julho, convida a comunidade a conhecer as valiosas coleções botânicas que integram o espólio do Museu.
“Um herbário não é apenas uma coleção de plantas secas: é uma janela para o passado, revelando histórias sobre a vida e o ambiente de uma cidade. (…) Comparando espécimes de diferentes séculos e décadas, é possível identificar mudanças significativas no ambiente urbano, como a expansão da cidade, a extinção de algumas espécies nativas e a introdução de plantas exóticas”, apresenta o MHNC-UP.
Orientada por Cristiana Vieira, curadora do Herbário do MHNC-UP, esta visita exclusiva será então uma oportunidade única para conhecer um conjunto de “coleções botânicas que ligam as pessoas às plantas e a cada lugar”. O ponto de encontro será no Polo Central do MHNC-UP (Campo dos Mártires da Pátria 81, Porto).
Como participar?
A participação nos dois Roteiros do Conhecimento propostos pelo MHNC-UP é gratuita, mediante inscrição prévia – através do e-mail [email protected] – e limitada a 20 participantes por sessão.
Sobre os Roteiros do Conhecimento
Já na sua sétima edição, os Roteiros do Conhecimento são um programa de percursos temáticos gratuitos e de valorização da cultura nas áreas da saúde, biologia, geologia, matemática, arqueologia, tecnologia, astronomia, entre outras, que convida à descoberta do património nacional.
Esta é uma iniciativa da Infraestrutura Portuguesa de Coleções Científicas para a Investigação (PRISC) coordenada a nível nacional pelo Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa (MUHNAC-U.Lisboa), e organizada em estreita parceria com entidades de norte a sul do país detentoras de património e promotoras de iniciativas de consciencialização pública.