Será através do cinema que a Universidade do Porto vai explorar e celebrar o tema da Liberdade durante todo o mês de fevereiro. O ciclo de cinema francófono chama-se Belle Époque et liberté / Belle Époque e Liberdade e resulta de uma parceria com a Alliance Française Porto. Está feito o convite para todas as sextas feiras, às 21h30, na Casa Comum (à Reitoria). A entrada é livre.

A iniciativa arranca a 2 fevereiro, com um programa de treze curtas-metragens realizadas no período da Belle Époque por Alice Guy, a primeira cineasta da história a quem foi dada “autorização” excecional para realizar, num contexto profissional que era, até então, reservado aos homens.

Até 1907, Alice Guy dominou a produção na Gaumont (companhia cinematográfica mais antiga do mundo), experimentando truques e efeitos especiais. Entre os filmes que constituem este programa, destacam-se No Magnetizador, Cirurgia Finissecular, Chapelaria e Charcutaria Mecânicas, Questões Indiscretas, Os Resultados do Feminismo e A Madame com Desejos. A sessão será presentada pela artista, realizadora e curadora Luísa Sequeira.

Retrato de Alice Guy. (Foto: DR)

Dia 9 fevereiro viajamos até Paris 1900 (Nicole Vedrès, 1946). Este documentário descreve o quotidiano da vida em Paris entre 1900 e 1914 . Recorre a documentos reais da época, excertos de jornais, reportagens, mas também a filmes particulares. A edição e os textos que acompanham as imagens tornaram este filme uma referência. A sessão será apresentada pela investigadora (no domínio das interculturalidades) e docente da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) Ana Paula Coutinho.

Na sexta-feira seguinte, dia 16 fevereiro, será exibido Madame de… (Max Ophuls, 1953). O filme leva a audiência até à cidade de Paris, em finais do século XIX. Louise (Danielle Darrieux), que se apresenta como Madame de”, é uma mulher endividada de um general que se vê obrigada a vender uns brincos oferecidos pelo marido como prenda de casamento. Quando este volta a comprar os brincos em segredo para os dar à sua amante, inicia-se uma cadeia irreprimível de consequências financeiras e sentimentais que se precipita para uma tragédia. Um drama romântico considerado como obra-prima do cinema Francês do pós-guerra. A apresentação ficará a cargo do poeta, professor e investigador da FLUP Pedro Eiras.

Por fim, no dia 23 fevereiro, para encerrar o ciclo, a proposta é Jules et Jim (François Truffaut, 1961). Baseado no romance de Henri-Pierre Roché, este clássico da Nouvelle Vague narra um triângulo amoroso entre dois amigos, um francês e um alemão, e uma mulher, objeto de mútua obsessão, durante 25 anos. A sessão será apresentada pela doutoranda da FLUP Cláudia Coimbra.

Retrato de François Truffaut. (Foto: DR)

Belle Époque et liberté / Belle Époque e Liberdade

Este ciclo pretende discutir o tema da liberdade no contexto de um período histórico fundamental da Idade Contemporânea: a Belle Époque. Marcada por tendências artísticas como a Arte Nova e o Impressionismo, e por um grande cosmopolitismo cultural, este período assistiu a profundas mudanças políticas, legais e sociais, que deram origem a novas formas de viver o quotidiano e a novas perspetivas alargadas sobre o papel da imprensa, o trabalho, o lazer, os direitos das mulheres, as classes sociais, a espiritualidade, a riqueza, o erotismo e o amor.

O curador do ciclo, David Pinho Barros, é investigador (áreas da literatura, cinema e banda desenhada) e professor da FLUP. Trabalhou na curadoria e produção de exposições e eventos cinematográficos em Portugal, Bélgica, Reino Unido e Brasil. Entre outras publicações, é autor da monografia The Clear Line in Comics and Cinema: A Transmedial Approach (2022), publicada pela Leuven University Press.

As sessões, sempre às 21h30, têm entrada gratuita, ainda que limitada à lotação da sala.