Depois do solstício de inverno, a escolha do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) recai na luz. É este o simbolismo das peças do Herbário e das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia. Temos um cogumelo invulgar e lucernas para ver de perto, durante o mês de janeiro de 2024, no átrio de entrada do Edifício Histórico da Reitoria da U.Porto. É assim que o Breviário dá as boas-vindas ao Novo Ano!

Tem chapéu, com os poros onde liberta os esporos, mas não é um cogumelo comum. Pelo menos, não aquele que, normalmente, nos vem à memória se o visualizarmos na natureza. Ostenta um corpo duro e espesso, mas sem pé. Alojado nas árvores, ele surge, cresce e desenvolve-se acompanhando o tronco que lhe serve de chão. São árvores já de uma idade avançada que foram sendo colonizadas, no seu interior, por fungos. O que vemos, no exterior, é a parte reprodutiva do fungo. Em alguns casos, explica a curadora do Herbário, Cristiana Vieira, “estes cogumelos são utilizados como combustível”.

Por serem substâncias fáceis de desidratar, passíveis de incendiar e manter como pavio, a história deste grupo de cogumelos leva-nos até à Idade do Ferro (datado de 1 200 a.C.). Uma das personagens mais conhecidas da Idade do Ferro é um homem encontrado nos Alpes que na algibeira trazia bocados deste tipo de cogumelos.

A receber os visitantes da “casa mãe” da Universidade estará um espécime de fungo-pavio (Fomes fomeentarius (L.) Fr.), de 1963, colhido na região do Grande Porto pelo botânico Gonçalo Sampaio, a quem se deve a criação de muitas das coleções que se encontram atualmente no Herbário da U.Porto.

Responsáveis pela iluminação dos espaços interiores e de estabeleceram a comunicação com as divindades, as lucernas que apresentamos são do período romano.

Uma das lucernas está decorada com motivos de folha de palma. É do Séc. II d.C. (período greco-romano), proveniente de Medinet el‑Fayum, no Egito. De outra zona do Egito, calcula-se que do Séc. III‑IV d.C. (período greco-romano), chegou-nos também a segunda lucerna, decorada com a representação estilizada de uma rã. “Ambas foram recolhidas no Egito durante escavações realizadas pelo estado alemão, tendo pertencido às coleções dos museus de Berlim”. Rita Gaspar, curadora das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica do MHNC-UP explica que estas peças chegaram até nós “através de uma troca diplomática realizada em 1927 com os museus estatais de Berlim”.

Todos os meses o MHNC-UP escolhe um tema e seleciona, entre as peças da sua coleção, aquelas que considera serem alusivas e representativas desse tema. É assim que, a cada mês, renovamos este Breviário.  Se quiser sabe mais, bastar solicitar uma visita às reservas do MHNC-UP.