Sara Jorge, estudante do Programa Doutoral em Ciências Veterinárias do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), a desenvolver investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) em colaboração com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), conquistou o Prémio de Melhor Poster de Estudante na Conferência Europeia de Aquacultura, que se realizou em Viena, na Áustria.

O trabalho premiado propõe alternativas menos agressivas e não terminais de recolha de cortisol (a hormona do stress) em peixes-zebra, reduzindo assim o número de animais usados na investigação.

Para a jovem investigadora, é um “grande incentivo” receber esta distinção “no principal evento de aquacultura na Europa”, onde cientistas e a indústria se reúnem para discutir as descobertas mais recentes e promover colaborações. Por outro lado, “reforça a minha motivação para continuar a trabalhar incansavelmente por uma ciência que coloca o bem-estar dos peixes no centro das suas preocupações”, acrescenta.

“Este reconhecimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver juntamente com a minha equipa de orientação demonstra que estamos no caminho certo para impulsionar essa mudança positiva na investigação e na indústria de aquacultura», sublinha Sara Jorge, que está a desenvolver a sua investigação no grupo «Laboratory Animal Science», sob orientação da investigadora do i3S Ana Valentim, e co-orientação de Luís Félix, da UTAD, e Benjamín Costas, do CIIMAR.

Em relação ao projeto que está a desenvolver, Sara Jorge esclarece que a “metodologia atualmente utilizada para a extração de cortisol em peixes-zebra é terminal ou stressante”. Como alternativa, explica, “estou a investigar o uso do muco da pele dos peixes, que atua como uma barreira natural contra organismos patogénicos e outras fontes de stress ambiental”.

Para avaliar a eficácia do muco da pele como material biológico para medir o cortisol, a equipa realizou um ensaio experimental em que os peixe-zebra foram submetidos a situações de stress agudo e crónico.  Os resultados, que foram apresentados nesta conferência, “foram promissores, validando o uso do muco como detetor de stress agudo, e abrindo horizontes para o seu possível uso como detetor de stress crónico”, garante Sara Jorge.

Ao desenvolver métodos menos invasivos e stressantes, reforça a estudante de doutoramento, “não só se melhora o bem-estar dos peixes-zebra usados em investigações científicas, como também se abre caminho para práticas mais éticas e sustentáveis na indústria de aquacultura”.

Adicionalmente, sustenta Sara Jorge, “sendo um método não terminal de recolha de cortisol, contribuímos para a redução do número de peixes usados em investigação e permitimos a sua reutilização em estudos longitudinais. Peixes-zebra em condições excelentes de bem-estar, serão também valorizados economicamente no mercado de aquacultura ornamental”.