De Portugal, onde frequentou a licenciatura em Biologia na Faculdade de Ciências, ao Brasil, Marcella Regino levou na mala ensinamentos de conservação da fauna que agora utiliza para ajudar a onça-pintada (Panthera onca), uma espécie ameaçada de extinção. A alumna da FCUP vai lançar, em breve, um guia para a identificação destes animais.
“Durante a minha licenciatura tive contacto com a monitorização através da armadilhagem fotográfica nas aulas de Gestão e Conservação de Aves e Mamíferos, dadas pelo professor David Gonçalves, e assim o meu interesse pela área de conservação da fauna foi consolidado na sala de aula”, explica a bióloga brasileira.
Atualmente, Marcella Regino faz parte do MonitoraBioSP, o Programa de Monitoramento da Biodiversidade da Fundação Florestal – especificamente o subprograma de Monitoramento de Mamíferos Terrestres de Médio e Grande Porte. “Nele, usamos câmaras trap para monitorizar seis espécies-alvo, e uma delas é a onça-pintada”, descreve. E foi com a identificação das onças-pintadas através das suas rosetas que surgiu a ideia do Guia, em parceria com o projeto Onças-Pintadas do Contínuo de Paranapiacaba, do ICMBio.
Através das fotografias, conseguiram acompanhar os movimentos e comportamentos desta espécie, pois “a identificação de cada onça é possível através dos seus padrões únicos de rosetas, que podem ser comparados às impressões digitais do ser humano”.
Assim, conta Marcela, “cada página do Guia é dedicada a uma onça, à sua história, informações e ilustrações das rosetas que utilizamos para identificá-las – além de QRCode para visualização de fotos”.
O objetivo desta publicação é ajudar outros investigadores a identificar e a comparar as onças com os registos já existentes e, ao mesmo tempo, difundir a necessidade da preservação de um predador de topo, criando uma relação emocional com esses animais e diminuindo o medo que existe na sociedade.
Onça-Pintada: uma espécie ameaçada
A onça-pintada é categorizada como Vulnerável (VU) na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção, e, no estado de São Paulo, como Criticamente Ameaçada (CR). Dos seis biomas nacionais, já não há mais onças nos Pampas, e em grande parte da Caatinga e Mata Atlântica.
As principais ameaças à espécie são a caça – tanto para comércio ilegal de subprodutos como pele, dentes e ossos, quanto como retaliação a predação de animais de rebanho -, a perda e fragmentação de habitats, a mineração e a ampliação de estradas (que estimula a construção de casas, leva a perda da conectividade de subpopulações e ainda aumenta as chances de atropelamento da fauna silvestre).
O objetivo dos investigadores que assinam o guia é divulgá-lo oficialmente no dia 29 de novembro, quando se comemora o Dia Internacional da Onça-Pintada.
Sobre Marcella Regino
Natural do Brasil, Marcella Benacchio Regino é licenciada em Biologia pela FCUP e em Publicidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 2017.
Atualmente, trabalha em São Paulo, no Subprograma de Monitoramento de Mamíferos de Médio e Grande Porte da Fundação Florestal, e é responsável pelas redes sociais do MonitoraBioSP, onde tem a oportunidade de alinhar conhecimentos técnicos e a criatividade para o envolver o público geral na conservação das espécies.