“Ahhh tem tão boas notas? Vai para Medicina então, não é?” é o tipo de comentários a que Miguel Cruz se habituou a ouvir desde que começou a destacar-se nas pautas da Escola Secundária da Maia. Os mesmos que aprendeu a rebater com sabedoria: “Boas notas dão-nos a oportunidade de entrar no que queremos, não nos cursos com as médias mais altas”; atira. E acrescenta: “São o símbolo do poder de escolha, o símbolo do poder de perseguir os nossos sonhos, quer este seja medicina, biologia, outro curso qualquer, ou nenhum!”.

No caso de Miguel, foi a paixão pela natureza que o levou a optar pela licenciatura em Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), onde acaba de ingressar com a redonda média de 20 valores. “O meu objetivo sempre foi ingressar na U.Porto, não só pela proximidade à região onde vivo, mas também pelo seu prestígio. Sendo a melhor Universidade do país e umas das melhores a nível europeu, não podia perder a oportunidade de juntar o útil ao agradável”, revela.

Para trás, fica um caminho recheado de conquistas, diplomas de mérito e presenças em quadros de honra. Mas essa é só a parte visível do retrato. “Não existe nenhum segredo ou fórmula mágica para ter uma média assim. O que existe é o trabalho e espírito de sacrifício”, revela o estudante, para logo deixar a dica: “Saber como aprendemos melhor e em que altura do dia, é, provavelmente, aquilo que mais se aproxima do segredo para uma média elevada. Permite-nos passar menos tempo a estudar e fazê-lo de forma muito mais eficaz, deixando tempo para mais do que apenas os livros”.

Aos 18 anos, é no desporto que Miguel encontra o espaço ideal para “parar”. “É um local onde os outros problemas não existem, um género de local seguro”, diz. Para além disso, gosta “de estar com os amigos” e de “estar em contacto com a natureza”, seja numa “ida ao zoo” ou a “perder-se num bosque” para “limpar a cabeça”.

Miguel Cruz (Foto: U.Porto)

Por agora, é com uma ansiedade contida que Miguel Cruz desfruta os primeiros dias como estudante da U.Porto. Uma “aventura” para a qual parte “com a expectativa de crescer, tanto em termos académicos como em termos pessoais, estudar uma área que me fascina, mas também, conhecer novas pessoas, novos ambientes e conhecer-me mais a mim”.

Quais são os limites para quem roçou a perfeição no caminho até à Universidade? Para já, o futuro biólogo não esconde a ambição de “realizar uma pós-graduação no estrangeiro e ir em busca de um emprego que me deixe verdadeiramente satisfeito”. Ou não estivesse aí, porventura, o verdadeiro “segredo”. “Devemos seguir aquilo que nos apaixona, aquilo que nos dá prazer estudar e saber mais sobre, não aquilo que nos dá mais prestígio ou dinheiro, ou mesmo mais consideração por parte das pessoas que nos rodeiam”.

“Não fazia sentido optar por outro lugar”

…, pensou Daniel Costa, quando colocou a licenciatura em Matemática da FCUP no topo do boletim de candidatura ao ensino superior. Uma escolha tão “óbvia” quanto a certeza de que teria lugar cativo entre os 4.635 estudantes que garantiram um lugar na U.Porto na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 2023/24.

Tal como o vizinho e novo colega de faculdade, também Daniel “rebentou a escala” no ensino secundário, que frequentou no Colégio de Ermesinde, de onde é natural. A receita? Tome nota. Comece-se por “ter um estudo consistente e inteligente, isto é, bem gerido”. Afinal, “é melhor estudar um pouco todos os dias do que deixar que se acumule e tentar digerir tudo de uma vez”.

Depois, “também é importante estar atento às aulas, porque o trabalho principal faz-se na escola”. E para terminar, “é necessário não abdicar do tempo livre e das atividades extracurriculares, para se poder descansar e estar com o cérebro mais «fresco» para estudar”.

Na fórmula de sucesso que abriu as portas da U.Porto ao estudante de 18 anos cabe ainda o apoio dos pais, da escola e… o karaté. “É um desporto que já faço há 12 anos e que eu acho que me ajudou não só na parte física e desportiva, como também na parte mental e social”.

Daniel Costa (Foto: U.Porto)

Conquistado, com distinção, o direito de fazer parte da melhor universidade portuguesa, Daniel promete “embarcar nesta aventura com muito prazer e curiosidade”, mas também com vontade “em aprender coisas novas e conhecer as pessoas com quem vou partilhar esta nova etapa”.

E se o futuro promete pintar-se de quadros pintados de números e fórmulas, por agora, a máxima do futuro investigador é viver um dia de cada vez. Até porque “sei que durante o meu percurso na Universidade irei adquirir outras competências que me vão ser úteis para o resto da minha vida”.

“Não quero criar demasiadas expectativas”

“Prestar atenção durante as aulas”, “saber gerir o tempo disponível, de forma a rentabilizá-lo o máximo possível”, “saber estabelecer prioridades” e “ter outras atividades para além dos estudos”. No ensino secundário, foi esta a estratégia que ajudou Maria Magalhães a superar cada obstáculo que encontrou no Colégio de Nossa Senhora da Esperança. no Porto. E promete aplicá-la, nos próximos quatro anos, enquanto estudante da licenciatura em Direito da Faculdade Direito (FDUP).

Natural de Gondomar, a representante feminina dos «Três Vintes» da U.Porto 2023/2024 elege o “prestígio e reconhecimento da Universidade” como “fatores mais decisivos” na escolha do curso.

“A maior expectativa é aproveitar, ao máximo, tanto a vertente académica como social da Universidade”, antecipa Maria, que, para além de estudar, gosta de “praticar desporto, ler, ver séries e filmes, viajar e sair com as minhas amigas”.
A perspetiva de “uma mudança tão grande” leva, contudo, a futura advogada a “não criar demasiadas expectativas”. Em vez disso, prefere “ir estabelecendo, passo a passo, o próximo objetivo”. E sempre com uma convicção: “Espero terminar o meu percurso com a sensação de que dei sempre o meu melhor. (…) Mas acima de tudo, espero ser uma pessoa mais completa”.

Maria Magalhães (Foto: U.Porto)