Os estudantes da formação contínua “Arquitectura e Sociedade” da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), constituídos por profissionais de áreas diversas – da arquitetura ao património – e estudantes universitários, com diferentes proveniências e idades, desenvolveram um conjunto de propostas para revitalizar a Praça da Alegria e Lavadouros das Fontainhas, na freguesia do Bonfim, Porto.

O resultado do trabalho desenvolvido está disponível a toda a comunidade, até ao dia 23 de julho, através de um marco expositivo localizado na Praça da Alegria, com o objetivo de não só dar a conhecer as propostas como também prolongar o diálogo com as pessoas que habitam estes espaços, tendo em vista o melhoramento dos projetos dos estudantes.

O curso, criado no seguimento de um protocolo com os Arquitetos Sem Fronteiras – Portugal, e em parceria com a Domus Social E.M. e a Fundação Aga Khan Portugal, teve como premissa combinar uma leitura sobre as dinâmicas globais e locais de transformação urbana, com um exercício de intervenção e ação de proximidade em contexto real, centrado na zona de S. Victor e Fontainhas da cidade do Porto.

As soluções preconizadas resultaram de um processo de trabalho que destacou dois espaços com evidente potencial de regeneração: a Praça da Alegria e os Lavadouros das Fontainhas. As propostas combinaram o mapeamento do presente e passado e possíveis intervenções para o futuro, focadas não apenas nas necessidades e potencialidades específicas do território, mas também envolvendo os seus diferentes atores, como moradores, trabalhadores, associações culturais, escola, associação de pais, utilizadores das hortas urbanas, entre outros.

Para os estudantes, é um “imperativo que os arquitetos assumam uma posição mais interventiva sobre o território, olhando para a arquitetura não apenas como uma disciplina responsável pela intervenção física no mesmo, mas também como uma ferramenta social e política fundamental.” Nesse sentido, com base nas necessidades dos habitantes e com a avaliação da escassez de recursos, assiste-se a uma redefinição do “papel do arquiteto como intermediário entre a sociedade e a cidade, e como um dos agentes de uma equipa que se quer multidisciplinar”, adianta o coletivo de estudantes.

Processo aberto à população

Para além do processo participativo de auscultação inicial à comunidade local, estão a ser desenvolvidas uma série de ações de intervenção no território com vista à discussão e apresentação das propostas no espaço público que lhes deu origem.

Com o marco expositivo das propostas de intervenção idealizadas, localizado na Praça da Alegria, pretende-se “evolua no sentido de materializar, nas suas quatro faces, a voz da comunidade local”. A sua construção foi realizada dentro de um modelo de arquitetura sustentável através da reutilização de paletes de madeira, provenientes da indústria de transporte de mercadorias.

Já no dia 23 de julho vai ser realizado um debate aberto sobre as propostas apresentadas, que inclui um almoço comunitário e a atividade de desenho/pintura “O que queres na tua praça?”, dirigida às crianças residentes no local. A ideia, refere o coletivo de estudantes, é juntar no espaço público “os agentes dinamizadores deste território num debate franco e aberto sobre as propostas apresentadas, de forma a dar verdadeira dimensão pública às ambições da população para o lugar, elevando o processo participativo a uma dimensão de ação e materialização propositiva e não apenas de consulta”.

O grupo de estudantes foi constituído por Ana Silva, Andreia Pires, Camila Esturilho, Carolina Suzano, Clara Sefair, Cristina Tasso, Diogo Rodrigues, Inês Morgado, João Gonçalves, João Sousa, Ricardo Pedrosa, Sara Pires e Teresa Maciel, e a equipa docente teve orientação de Clara Pimenta do Vale (CEAU/FAUP), Lígia Nunes (CEAU/Arquitectos Sem Fronteiras), Ana Silva Fernandes (Dinâmia’CET/CEAU/FAUP), Olga Feio (Domus Social E.M.) e João Queiroz (Fundação Aga Khan Portugal).