Disdocentes é a nova proposta das Galerias da Casa Comum para quem visitar o edifício da Reitoria da Universidade do Porto nestes dias de verão. Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda, Jorge Pinheiro e Pedro Tudela e Cristina Mateus são alguns dos nomes que se vão fazer representar nesta exibição inédita que, a partir de 17 de julho, traz à “casa mãe” da Universidade um conjunto de obras pertencentes à prestigiada Coleção de Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho.
Todas as obras em exibição denunciam o traço de artistas com ligações à Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP). Entre pintura, escultura e desenho são cerca de 40 peças que contam a história da arte e o percurso de alguns dos seus principais protagonistas.
Disdocentes é uma palavra inventada. Difícil de soletrar? Só até perceber o significado. É um neologismo, em jeito de desafio. Como quem pergunta: Ora diz lá nomes de artistas que foram docentes na FBAUP? Mas não diz só isso. Dos discentes, ou seja, de quem foi ou é estudante, quem sabe? Nas Galerias da Casa Comum vai-se estabelecer um arco temporal que começa nos anos 60 e vai até à atualidade. Se, assim de cabeça, não souber dizer alguns nomes, depois de conhecer os trabalhos, não os vai esquecer.
Da Coleção de Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Ilídio Pinho foram selecionadas obras que raramente foram expostas, o que transformará esta visita numa experiência rara. Por exemplo? Os desenhos de José Barrias, de 2007, antigo estudante da Escola Superior de Belas Artes do Porto, precursora da FBAUP. Os trabalhos deste artista já não são expostos há mais de 15 anos.
Mais de 40 anos de história da arte portuguesa
A peça mais antiga que estará em exibição é de Eduardo Batarda (Sem título, 1967). A obra deste pintor, antigo docente na Escola Superior de Belas Artes do Porto, foi apresentada ao público pela primeira vez na sua primeira exposição individual, realizada em 1968, na Galeria 111, em Lisboa.
Saltamos agora para outra geração. Pertence a Pedro Tudela a peça (escultórica) mais recente (2019) que estará em exposição. Foi concebida para a Sala das Caldeiras da Central Tejo do Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia (MAAT). O nome, este sim difícil de pronunciar, awdiˈtɔrju, corresponde à transcrição fonética da palavra auditório. Se ainda não viu a peça, podemos acrescentar que a estranheza de conceitos não se fica pelo nome. É vir para perceber.
A transformação geracional que se operou
Dos anos 60 à atualidade, o que vamos poder ver de perto, nas Galerias da Casa Comum, são trabalhos de artistas como Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda e Jorge Pinheiro, mas também daqueles que foram seus estudantes, usufruindo, assim, de uma oportunidade de excelência para a partilha do conhecimento e comunhão de diferentes perspetivas sobre os trabalhos do olhar.
Estaremos perante “toda a transformação geracional que se operou, com tudo o que as restantes gerações de artistas aprenderam e também o que rejeitaram”, diz-nos Miguel von Hafe Pérez, curador da exposição.
Durante a permanência da exposição haverá um ciclo de conversas que contará com a presença do curador e de vários artistas.
Esta será, então, uma oportunidade para usufruir de uma parte da coleção da Fundação Ilídio Pinho, uma das mais importantes a nível nacional, exclusivamente dedicada à arte portuguesa e que só tem tido visibilidade parcial em exposições temporárias.
Disdocentes inaugura dia 17 de julho, às 16h30, e ficará patente até 23 de setembro. Pode ser visitada durante a semana das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30. Aos sábados das 15h00 às 18h00. A entrada é livre.