Na próxima terça-feira, 23 de maio, pelas 18h00, o Auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto será o palco do lançamento do livro Porto: A Epidemia de Peste de 1899. Circunstâncias e Consequências, inserido na coleção Estudos e Ensino da U.Porto Press.

A obra, da autoria de João Martins e Silva, licenciado em Medicina, antigo docente e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, aborda o surgimento, evolução e graves consequências decorrentes da epidemia de peste bubónica na cidade do Porto – a última da Europa a ser atingida pela doença – em finais do século XIX.

A apresentação do livro ficará a cargo de Amélia Ricon Ferraz, licenciada e doutorada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), delegada nacional para a Sociedade Internacional de História da Medicina, antiga docente da FMUP, e Henrique de Barros, licenciado e doutorado em Medicina pela FMUP, Presidente do Instituto de Saúde Pública da U.Porto e da Associação de Escolas Europeias de Saúde Pública, e Professor Catedrático da FMUP.

A entrada é livre.

A chegada da peste bubónica ao Porto e suas implicações

Conforme explica o autor no prefácio desta obra, a peste bubónica “entrara discretamente na cidade do Porto para, célere, conduzir a uma difícil situação clínica e socioeconómica”. Esta doença contagiosa marcou o final do século XIX não só em Portugal, onde “as endemias e epidemias (…) não faziam pausa”, mas também em diversos outros pontos da Europa e do mundo.

“A cidade do Porto foi a última cidade da Europa a ser atingida no final do século XIX por uma epidemia de peste bubónica, cerca de trezentos anos depois de abalada pela mesma doença”, lê-se.

A obra, integrada na coleção Estudos e Ensino da U.Porto Press, relata o surgimento e implicações da peste bubónica na cidade do Porto, em finais do século XIX./ Foto: U.Porto Press

Em Porto: A Epidemia de Peste de 1899. Circunstâncias e Consequências, João Martins e Silva descreve três fases de desenvolvimento da epidemia, a primeira das quais relativa à identificação dos primeiros casos da doença – ainda sem diagnóstico confirmado – e à aplicação de medidas sanitárias imediatas.

A segunda iniciou-se aquando da confirmação bacteriológica da peste, em julho de 1889, e posterior instauração daquele que viria a ser “um polémico cordão sanitário de imposição governamental”, que, ainda assim, “conseguiu conter a epidemia num semestre com um relativo baixo número de infectados e mortes na cidade do Porto, e com contágio exterior irrelevante”. Esta medida provocou “um amplo período de controvérsias, contestações, danos económicos e sociais, e efeitos políticos nacionais e internacionais”.

A terceira fase correspondeu ao “desfecho do flagelo” e “progressiva mitigação das constrições impostas”.
A situação começou a normalizar no final daquele ano, embora tenham surgido novos focos da doença na cidade, mesmo após ter sido oficialmente declarada extinta.

Quer a imprensa local, quer o próprio autor, acabam por relacionar a crise socioeconómica e política decorrente da peste bubónica com as contradições e deficiente resposta governamental naquele contexto.

Este título está disponível na loja online da U.Porto Press, com um desconto de 10%.

Sobre o autor

João Alcindo Pereira Martins e Silva, natural de Lisboa (1942), licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa (1967), tendo sido posteriormente convidado para assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lourenço Marques, onde desenvolveu trabalhos de investigação e se doutorou (1973).

Após o serviço militar em Moçambique (1972-1975), prosseguiu a carreira académica (professor auxiliar, extraordinário e catedrático) na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Ali, dirigiu o Instituto de Química Fisiológica, depois integrado no de Bioquímica, e prosseguiu projetos de investigação científica até se aposentar (2005).

Foi subdiretor (1991-1994) e diretor da FMUL (1994-2005) e presidente de duas sociedades médicas nacionais (Educação Médica, 1991-2003; Hemorreologia e Microcirculação, 1987-1994).

É autor de centenas de publicações e de mais de uma dezena de livros.