«iSupport-Portugal» é o nome do programa de apoio e formação online adaptado à população portuguesa pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, com a colaboração do CINTESIS e da Associação Alzheimer Portugal, com o objetivo de apoiar os cuidadores informais de pessoas com demência.

Esta iniciativa tem por base o programa de intervenção com o mesmo nome da Organização Mundial da Saúde (OMS), que em 2017 lançou o Plano de Ação Global para as Demências 2017- 2025. Um plano que aponta como meta, para 2025, que 75% dos países possam oferecer programas de apoio e formação acessíveis para cuidadores informais de pessoas com demência, contribuindo para a melhoria do seu bem-estar.

“Cuidar de um familiar pode ser gratificante e contribuir para sentimentos de utilidade e realização. Contudo, os cuidadores informais de pessoas com demência são uma prioridade porque estão em risco acrescido de vir a desenvolver depressão, ansiedade, hipertensão, problemas digestivos e respiratórios, quando comparados com a população em geral.”, explica Soraia Teles, investigadora doutorada do ICBAS.

Neste sentido, é essencial que os cuidadores tenham à sua disposição ferramentas acessíveis que lhes assegurem, a qualquer hora e em qualquer lugar, acesso a informação relevante para cuidarem da pessoa com demência e de si mesmos.

Foi neste contexto que o grupo de investigação do ICBAS estabeleceu uma parceria com a OMS para adaptar culturalmente o programa «iSupport-Portugal», que se encontra já disponível para toda a comunidade, sendo apenas necessário efetuar um registo prévio na página do projeto.

Cuidar dos cuidadores

“Este programa de intervenção online é composto por 23 sessões e cinco módulos, uns mais direcionados para o autocuidado – como lidar com os sentimentos negativos do cuidar, estados de ansiedade – e módulos mais vocacionados para diferentes aspetos do cuidar – desde os cuidados básicos do dia-a-dia até, por exemplo, como comunicar com a pessoa de quem cuidam, ou como apoiá-la a tomar decisões”, apresenta Soraia Teles.

Nas palavras da investigadora, é fundamental ampliar a disponibilidade e acessibilidade de programas de apoio e formação para cuidadores informais. “O apoio aos cuidadores carece de financiamento e tem estado muito dependente de projetos com duração limitada. Muitos cuidadores não têm horário ou mobilidade para participar em sessões de apoio e formação presenciais. As intervenções online têm sido exploradas um pouco por todo o mundo como forma de alargar o apoio aos cuidadores, em virtude da sua acessibilidade, conveniência, e potencial de escalabilidade”.

Numa altura em que Portugal é o quarto país da OCDE com mais casos de demência por cada 1000 habitantes (21 casos), “parece-nos fundamental oferecer intervenções que promovam o bem-estar dos cuidadores informais”, conclui Soraia Teles.

“Estas preocupações estão alinhadas com o conceito adotado pelo ICBAS de «Uma Saúde (One Health)», pelo que nos fez todo o sentido, no Departamento de Ciências do Comportamento do ICBAS, liderar os trabalhos de investigação sobre o iSupport em Portugal.”, reforça Constança Paúl, Professora Catedrática no ICBAS.

Ainda no âmbito dos trabalhos de investigação do «iSupport-Portugal», o ICBAS viu aprovado no Concurso de Projetos de I&D em Todos os Domínios Científicos 2022 um novo projeto exploratório (iSupport-Footprint; Refª 2022.07587.PTDC), financiado por fundos nacionais através da FCT –Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.