A investigadora Flávia Castro, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), é a vencedora da primeira edição do «Prémio Raquel Seruca», promovido pela Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC). No valor de dois mil euros, o galardão distinguiu a melhor comunicação oral apresentada no 5.º Congresso Internacional da Associação.

Criado com o objetivo de homenagear a médica e investigadora Raquel Seruca (1962-2022), cuja carreira contribuiu de forma inequívoca para a investigação em Oncologia a nível nacional e internacional, este prémio “constitui uma forma de apoiar o desenvolvimento científico e o valor será entregue à instituição/grupo de investigação a que pertence a investigadora, para que este possa ser aplicado no decorrer do seu trabalho científico”, explica Joana Paredes, presidente da ASPIC.

O estudo premiado, adianta Flávia Castro, do grupo «Tumour and Microenvironment Interactions» do i3S, “baseia-se na avaliação de nanopartículas de quitosano e ácido-poli-y-glutâmico como terapia combinatória para tratamento de cancro de mama. Estas nanopartículas foram recentemente descritas como terapia adjuvante para cancro de mama e publicadas na revista científica Biomaterials, uma das mais prestigiadas revistas na área dos Biomateriais”.

Segundo a investigadora, “os resultados mais recentes demonstram que estas nanopartículas, quando combinadas com terapias que estão em avaliação em ensaios clínicos, como o interferão-gama, potenciam a resposta antitumoral, num modelo animal de cancro de mama”. Assim, sublinha Flávia Castro, “esta nossa estratégia tem um enorme potencial para novas terapias combinatórias em cancro, através da modelação da resposta imune”.

Flávia Castro avaliou o uso de nanopartículas como terapia combinatória para tratamento de cancro de mama. (Foto: i3S)

O «Prémio Raquel Seruca», revela Flávia Castro, “tem um significado muito especial e vai ajudar na minha formação enquanto investigadora. A Raquel é uma pessoa que todos admiramos, que inspirou e vai continuar a inspirar várias gerações de cientistas. A sua capacidade de ver mais além e de juntar pessoas com o mesmo propósito é notável. Não poderia estar mais feliz com este reconhecimento”.

Esta investigação desenvolvida por Flávia Castro foi também reconhecida com uma «EACR Meeting Bursary» para participar no congresso bianual da European Association for Cancer Research (EACR), em Sevilha, Espanha, e com uma «Inclusiveness Target Countries (ITC) Conference Grant», através da ação COST Nano2Clinic (CA17140), suportada pela European Cooperation in Science and Technology (COST), para participar na Conferência de Imunooncologia, em Leuven, Bélgica.

O trabalho foi coordenado pelas investigadoras Maria José Oliveira (i3S e FMUP) e Raquel Gonçalves (i3S e ICBAS), em estreita colaboração com os investigadores Mário Barbosa (i3S e ICBAS), e Olivier de Wever, do Laboratory of Experimental Cancer Research, em Ghent, na Bélgica.