Está a decorrer, até dia 15 de julho, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e no Círculo Universitário do Porto, o Bootstrap. um evento que volta a reunir no Porto alguns dos físicos teóricos mais conceituados do mundo.

Bootstrap é uma coisa algo ilógica. Significa uma pessoa conseguir levantar-se puxando os cordões dos seus próprios sapatos – claro que não é possível”, começa por explicar- em declarações ao jornal PúblicoMiguel Sousa Costa,  professor do Departamento de Física e Astronomia (DFA) da FCUP e um dos organizadores do evento, juntamente com o também investigador do DFA/FCUP, Vasco Gonçalves. 

O objetivo da iniciativa é representar a ideia de que as leis da natureza se influenciam umas às outras  – a natureza puxa os seus próprios cordões, permitindo deduzir o que é consistente com aquilo que já observámos e conhecemos.

Ao longo de quatro semanas, entre os dias 20 de junho e 15 de julho, mais de cem físicos teóricos aplicam estas noções de consistência. Entre eles destacam-se  dois portugueses, ambos alumni da FCUP: Pedro Vieira, que conquistou em 2019, o prestigiado Prémio Breakthrough, investigador do Instituto Perimeter, no Canadá; e João Penedones, licenciado e doutorado em Física, professor na Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça. 

As manhãs do Bootstrap são preenchidas com palestras e seminários na FCUP. Da parte da tarde, o  evento tem continuidade no Círculo Universitário do Porto.

“Durante a tarde, arranjamos uns quadros portáteis e as pessoas estão livremente, nos seus pequenos grupos de trabalho, a discutir uns com os outros e a debater ideias”, descreve Miguel Costa. 

O que é o Bootstrap  

As técnicas de Bootstrap surgiram a partir de ideias do físico teórico americano, Geoffrey Chew, nos anos 1960. Trata-se de um método utilizado, por exemplo, para calcular as relações entre duas partículas descritas, as chamadas funções de correlação. Estas funções permitem-nos perceber a distância entre dois átomos e compreender praticamente tudo sobre um determinado átomo. No entanto, implicam a utilização de expoentes e coeficientes cujos valores ainda não conhecemos ou são indeterminados.

As técnicas bootstrap ajudam a reduzir estas funções ao mínimo necessário para que possam ser universais e não dependam de fatores desconhecidos. São técnicas úteis para estudar a área da física de partículas, de materiais e da gravitação quântica. 

É a segunda vez que este evento, que se realiza desde 2011, decorre no Porto, depois de em 2014 também se terem reunido nesta cidade os físicos adeptos das técnicas de bootstrap.