O projeto MyRNA Diagnostics, que pretende desenvolver num kit para diagnosticar e melhorar a monotorização da depressão a partir de uma análise ao sangue, foi distinguido pela revista Exame informática com o Primeiro Prémio, na Categoria Inovação, dos Prémios «O Melhor do Portugal Tecnológico». O kit está a ser desenvolvido por uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), constituída por três investigadoras – Maria Inês Almeida, Susana Santos e Inês Alencastre – resultou de uma colaboração entre o i3S e uma equipa de médicos psiquiatras da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
Segundo a equipa editorial da Exame Informática, o MyRNA Diagnostics (Traduzindo Biomarcadores Moleculares em Diagnóstico de Doenças) foi premiado por ser «muito inovador» e «realmente pertinente para o nosso quotidiano», já que a depressão atinge 300 milhões de pessoas em todo o mundo.
O diagnóstico da depressão é atualmente baseado em entrevistas clínicas e não existem testes complementares de diagnóstico, que sejam aplicados como rotina na clínica. A equipa apresentou uma ideia de negócio baseada num kit destinado a diagnosticar a depressão através de uma análise ao sangue, que tem sido desenvolvida no âmbito de uma colaboração entre o grupo Microenvironments for New Therapies do i3S-INEB, liderado por Mário Barbosa, e uma equipa de médicos psiquiatras da FMUP, liderada por Rui Coelho. Este projeto é financiado pelo programa NORTE2020 e conta ainda com a colaboração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e do Dr. Orlando Von Doellinger.
«O diagnóstico da depressão é maioritariamente baseado em entrevistas clínicas. Os prestadores de cuidados de saúde mental sentem necessidade do desenvolvimento de métodos sensíveis e específicos para melhorar a percentagem de doentes com depressão (> 300 milhões em todo o mundo) que recebem tratamento eficaz (<50%)», sublinha Inês Almeida, investigadora no projeto.
O projeto da «MyRNA Diagnostics», adianta Susana Santos, outra das investigadoras que integra a equipa, «pretende desenvolver um kit que detete e quantifique um painel específico de biomarcadores moleculares numa amostra de sangue, o que permitirá um diagnóstico baseado em métodos quantitativos e uma melhor monotorização da doença».
«Os resultados do nosso produto serão analisados por um algoritmo e fornecidos dentro de 24 a 48 horas após a colheita de sangue. A solução permite aos clínicos basear a suas decisões terapêuticas num teste biológico quantificável, diminuindo a prescrição excessiva, melhorando a precisão do diagnóstico e permitindo a monitorização da doença durante a terapêutica», explica a investigadora Inês Alencastre.
Para as investigadoras, esta distinção significa o reconhecimento da investigação que tem vindo a ser desenvolvida e um incentivo à continuação deste trabalho.
Recorde-se que, para além do «MyRNA Diagnostics», a edição deste ano de «O Melhor do Portugal Tecnológico» distinguiu ainda dois projetos ligados à Faculdade de Ciências da U.Porto e ao INESC TEC.