Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) desenvolveram um teste genético, publicado na revista internacional Food Control, que é capaz de identificar o salmão-do-atlântico AquAdvantage, o primeiro animal geneticamente modificado autorizado para consumo humano nos EUA e Canada.
A equipa, coordenada por Filipe Pereira (CIIMAR) e composta por Cátia Castro, Maria Amorim e Filipa Moreira, elaborou um método laboratorial capaz de detetar a região híbrida de DNA existente apenas no salmão transgénico. Os investigadores recriaram em laboratório a molécula de DNA transgénica utilizada neste salmão, uma vez que ainda não estão disponíveis amostras no mercado.
A existência de métodos de deteção de transgénicos é uma parte integrante do processo de regulamentação destes organismos na União Europeia, pelo que “este teste poderá ser também utilizado para a deteção de material transgénico em produtos alimentares ou amostras ambientais, tornando-se assim uma ferramenta útil para entidades públicas ou privadas relacionadas com a regulamentação e a comercialização destes produtos”, refere Filipe Pereira
O salmão-do-atlântico (Salmo salar) transgénico AquAdvantage, desenvolvido pela empresa norte-americana de biotecnologia AquaBounty Technologies, tem um crescimento mais rápido que o normal, atingindo o peso comercial em cerca de metade do tempo do salmão vulgar. Para atingir este crescimento, a empresa de biotecnologia introduziu no genoma do salmão-do-atlântico o gene da hormona de crescimento do salmão-rei (Oncorhynchus tshawytscha) e as zonas regulatórias do gene que codifica a proteína anticongelante do peixe-carneiro-americano (Zoarces americanus). Estas alterações no genoma permitem que este salmão produza esta hormona ao longo de todo ano, ao contrário do salmão normal que apenas a produz nos meses mais quentes.
Para Filipe Pereira “o início da comercialização do salmão AquAdvantage irá abrir um precedente para a produção de outras espécies de animais transgénicos, pelo que o método desenvolvido pelos investigadores do CIIMAR poderá ser muito útil devido à sua capacidade de adaptado para a deteção de outras espécies transgénicas”.