Os fatores socioeconómicos explicam, em grande medida, por que é que em certas regiões da Europa e de Portugal os idosos vivem menos tempo.
As conclusões resultam de um estudo levado a cabo por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que analisou o peso dos fatores socioeconómicos, do ambiente físico (poluição, acesso a áreas verdes, extremos climáticos, disponibilidade de áreas caminháveis, etc.) e do acesso aos serviços de saúde na taxa de sobrevivência das pessoas muito idosas, na Europa, em Portugal, e na cidade do Porto.
“O nosso objetivo era analisar qual a proporção de idosos com 75-84 anos que chegavam até à idade dos 85-94 anos”, diz Ana Isabel Ribeiro, primeira autora da investigação. “Verificámos que existiam diferenças geográficas marcantes na distribuição da taxa de sobrevivência nos três contextos analisados”.
Em traços gerais, os investigadores concluíram que os fatores socioeconómicos explicam, em grande parte, as desigualdades geográficas na distribuição da taxa de sobrevivência dos muito idosos. Já o ambiente físico e o acesso aos serviços de saúde parecem não ter uma influência tão decisiva na longevidade dos mais velhos.
Em Portugal, o interior Norte e o Alentejo registam taxas de longevidade mais baixas em comparação com as regiões localizadas no litoral Norte e Centro, onde se encontram índices superiores de sobrevivência. “Estas desigualdades geográficas explicam-se pelas diferenças na forma como a pobreza e a riqueza se distribuem no país. A longevidade é menor em zonas com menos recursos sócio-materiais”, diz a investigadora.
Atualmente, a esperança média de vida à nascença em Portugal ronda os 82 anos. À medida que a esperança de vida à nascença aumenta, devido à queda da mortalidade precoce, as desigualdades em saúde e na sobrevivência começam a manifestar-se mais tarde. “Se queremos aumentar a sobrevivência da população idosa e reduzir assimetrias regionais, temos que melhorar a sua situação socioeconómica e priorizar as áreas mais pobres do país”, frisa.
Mais detalhes sobre este trabalho podem ser encontrados nas revistas Journal of Epidemiology and Community Health), Health & Place e Geospatial Health (disponível em breve).