Altamiro da Costa-Pereira, coordenador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) , sediado na Universidade do Porto, e diretor do Departamento em Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), desafiou a comunidade académica, a Ordem dos Médicos (OM), a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) e o Internato Comum de Medicina Geral e Familiar para a criação de uma agenda comum de investigação clínica e inovação em Cuidados de Saúde Primários.
O repto foi lançado durante um debate sobre “Investigação nos Cuidados de Saúde Primários” que incluiu intervenções de Pimenta Marinho (presidente da ARS-Norte), António Araújo (Presidente da SRNOM), Rui Nunes (FMUP/CINTESIS), Fernando Ferreira (Unidade de Investigação Clínica da ARS-Norte) e Maria da Luz Loureiro (Internato Comum de MGF – ARS-Norte), sob a moderação de Alberto Hespanhol. A iniciativa realizou-se no âmbito das Jornadas de Fatores de Risco e Orientações Clínicas em Cuidados de Saúde Primários, que decorreram no dia 2 de março no Centro de Investigação Médica da FMUP.
Depois de apresentar um diagnóstico pouco animador sobre a relevância da investigação clínica em Medicina Geral e Familiar em Portugal, o professor catedrático questionou “porque é que sendo a especialidade com mais médicos e com maior impacto no normal funcionamento do Sistema Nacional de Saúde, a Medicina Geral e Familiar continua a não conseguir inovar e internacionalizar o trabalho que produz”. O especialista em Investigação Clínica diz-se empenhado em colaborar com os investigadores e os profissionais desta especialidade médica, com o objetivo de alterar esta situação de forma evidente na próxima década.
Altamiro da Costa Pereira lembrou que “existem no terreno programas de formação mais básica e mais avançada para estes profissionais, mas há ainda obstáculos à adesão dos médicos de família a estes programas de treino” e lembrou que, ao abrigo do Programa Doutoral em Investigação Clínica e Serviços de Saúde, os investigadores podem beneficiar de todo o apoio providenciado pelo CINTESIS para a criação e implementação dos projetos científicos.
O especialista em Investigação Clínica e Medicina baseada na Evidência apelou aos jovens investigadores presentes no evento, à OM, à ARS-Norte e aos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e Unidades de Saúde Familiar (USF) para que cooperassem no sentido de “se fazer um levantamento sério dos projetos que estão a ser desenvolvidos nesta área em todo o país”. A partir daí será possível definir prioridades e fazer o que for preciso para aumentar a quantidade e a qualidade da investigação clínica em Medicina Geral e Familiar, bem como o impacto desses esforços junto da população que os médicos servem.
Recorde-se que as Jornadas de Fatores de Risco e Orientações Clínicas em Cuidados de Saúde Primários vão já na sua oitava edição, sob a liderança de Luciana Couto, investigadora do CINTESIS, professora da FMUP e especialista em Medicina Geral e Familiar.