Logo no primeiro mês de frequência da creche, os bebés em Portugal passam, em média, sete horas por dia naqueles estabelecimentos escolares. A conclusão é de um estudo, que está a ser desenvolvido pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), pelo Instituto Politécnico do Porto (IPP) e pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América.
Sílvia Barros, investigadora do Centro de Psicologia da U.Porto e docente do IPP, é a coordenadora do projeto “Transição dos bebés para a creche: comunicação família-creche, qualidade dos contextos e adaptação do bebé”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, cujo objetivo é compreender este processo, tendo em conta variáveis como a comunicação família-creche, a qualidade dos contextos e a adaptação do bebé.
No estudo, a equipa de investigadoras – composta por Joana Cadima, Ana Isabel Pinto e Vera Coelho, da FPCEUP, Manuela Pessanha e Carla Peixoto, da ESE, e Donna Bryant, da Universidade da Carolina do Norte – conclui que ter uma educadora de infância na sala de berçário e promover uma boa comunicação entre a creche e a família podem fazer a diferença na adaptação dos bebés.
De acordo com a investigação, as crianças europeias com menos de três anos passam, em média, 26 horas semanais nas creches, um valor que é ultrapassado pelo caso português, onde os bebés passam cerca de 40 horas.
Entre outras conclusões, o estudo indica que, de um modo geral, os responsáveis pelas creches mostram seguir as práticas consideradas adequadas, nomeadamente reunir com os pais, preencher informações sobre a criança e fornecer dados sobre a instituição, transmitindo confiança no bem-estar dos bebés. O estudo permitiu compreender, no entanto, que havia uma tendência para a qualidade das interações adulto-criança diminuir ao longo do tempo, devido ao número de bebés na sala. Esta situação acentua-se no decorrer da manhã, devido ao cansaço e à chegada da hora de almoço.
De facto, apenas 31 por cento das instituições participantes na investigação tinham uma educadora de infância indicada como responsável pela sala dos bebés. Destas, apenas 15 tinham uma educadora de infância a trabalhar a tempo inteiro, cujo papel é fundamental para envolver ativamente as crianças.
No estudo “Transição dos bebés para a creche: comunicação família-creche, qualidade dos contextos e adaptação do bebé” participaram 90 crianças (com menos de 12 meses), os seus pais e profissionais de 90 creches do distrito do Porto. Com base em entrevistas, questionários e observações, a análise foi feita antes da entrada na creche, durante o primeiro mês do bebé e cinco/seis meses mais tarde.