Um trabalho de investigação que lança novas luzes sobre uma tecnologia que permite melhorar o diagnóstico do cancro gástrico, realizado no Instituto Português de Oncologia IPO-Porto por uma equipa internacional liderada por Pedro Pimentel Nunes, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS, é o grande vencedor do Prémio Pfizer 2016, na categoria Investigação Clínica, no valor de 20 mil euros.
Intitulado “Estudo prospetivo multicêntrico da utilização em tempo real da cromoscopia por NBI no diagnóstico de condições e lesões gástricas pré-malignas”, o estudo galardoado “testou a eficácia da endoscopia com NBI no diagnóstico de lesões pré-malignas gástricas em Portugal, Itália, Roménia, Reino Unido e Estados Unidos, a partir de uma amostra de 238 doentes e 1.123 biópsias endoscópicas”, explica Pedro Pimentel Nunes.
Os resultados revelaram que o uso da endoscopia com imagens de banda estreita NBI (Narrow-band imaging) pode aumentar a deteção precoce do cancro gástrico. “A endoscopia sem NBI apresentou uma acuidade diagnóstica de 83% e a utilização de NBI aumentou essa acuidade para 94%.
O uso da tecnologia NBI mostrou-se especialmente vantajoso na “identificação de tumores precoces e no diagnóstico de condições pré-malignas, apresentado taxas de certeza de 98%”. “A sua utilização, por rotina, pode aumentar a deteção precoce” e contribuir favoravelmente para a redução da mortalidade por cancro gástrico – um tipo de cancro que apresenta elevadas taxas de incidência e representa a segunda causa de morte por cancro a nível mundial.
Este resultado “obriga-nos a considerar a hipótese de fazermos também rastreio de cancro gástrico em Portugal de maneira a inverter os números de mortalidade por cancro gástrico no nosso país. Idealmente utilizando endoscópios com esta tecnologia agora estudada”, adianta o investigador, salientando que se estima que em Portugal morram, por dia, cinco pessoas devido a esta doença oncológica.
A tecnologia NBI, presente nos endoscópios, “aplica um filtro de luz que realça o padrão mucoso e vascular”, explica o investigador que é também gastrenterologista no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).
Considerados como a mais antiga distinção na investigação biomédica em Portugal, os Prémios Pfizer, que este ano completam 60 anos, foram já concedidos a mais de 600 investigadores. Os galardões premeiam estudos realizados, total ou parcialmente, em instituições portuguesas, por investigadores nacionais ou estrangeiros.
A cerimónia de atribuição deste ano realizou-se no dia 15 de novembro, em Lisboa, tendo sido presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.