Ao longo dos últimos dois anos, 30 investigadores ligados ao Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) recorreram a ferramentas moleculares para tentar identificar espécies produtoras de novas substâncias bioativas. Desse trabalho, consumado através do projeto MARBIOTECH – Rastreio de substâncias naturais de origem marinha com potencial ecológico e farmacológico, resultou a descoberta de novos compostos com propriedades anticancerígenas.
Composta por investigadores de diferentes áreas, desde biólogos moleculares a geneticistas, farmacêuticos, microbiólogos, químicos e bioquímicos, a equipa do CIIMAR conseguiu identificar e caracterizar uma série de novos compostos químicos produzidos por fungos, tal como o terpeno sartorypyrone C, o composto aromático similanpyrone C e o péptido similanamida, este último com atividade anticancerígena. Por outro lado, foi também descoberto um conjunto de glicolípidos raros obtidos a partir de cianobactérias recolhidas nas praias do Minho, igualmente com propriedades anticancerígenas.
Além disso, foram ainda obtidos extratos de cianobactérias com forte atividade anti-incrustantes, com potencial para serem usados em tintas e vernizes para pintar cascos de navios ou outras estruturas marítimas, evitando o estabelecimento de comunidades bioincrustantes (ex. mexilhões; lapas, entre outros).
Tendo por objetivo a valorização económica dos produtos do mar, o MARBIOTECH, suportado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, procurou assim descobrir e disponibilizar substâncias de origem marinha com várias aplicações biotecnológicas, especialmente os metabolitos secundários de fungos e cianobactérias de origem marinha.
É o resultados deste trabalho que vai ser revelado ao público durante o Blue Business Forum, que decorre de 4 a 6 de junho na Fil, em Lisboa. Numa visita ao stand informativo do CIIMAR será ainda possível conhecer o “Biotech Pipeline“, uma estrutura em acrílico que ilustra o caminho desenvolvido pelos investigadores desde a colheita de um organismo marinho até à obtenção de um composto bioativo; o “IMTA“, um sistema representativo da Aquacultura Multi-Trófica Integrada e que visa aumentar a produção aquícola animal de uma forma sustentável; e a “Câmara Hiperbárica” que permite recriar ambientes aquáticos com pressões/profundidades muito elevadas, permitindo diversas aplicações ao nível da investigação e no desenvolvimento de equipamentos de cariz tecnológico.