O projeto «Hereditary Breast Ovarian Cancer – HBOC: Optimizing hereditary cancer pathways (saving costs and lives)», liderado pela investigadora Carla Oliveira, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), conquistou o Prémio de Investigação Alfredo da Silva – na área de Sustentabilidade dos Sistemas de Saúde – atribuído pela Fundação Amélia de Mello.

O projeto agora distinguido com 25 mil euros foca-se nas vantagens da prevenção em relação ao tratamento dos cancros hereditários da mama e do ovário. O principal objetivo passou por “calcular o impacto real do diagnóstico, da prevenção e do tratamento do cancro hereditário da mama e do ovário nas finanças dos hospitais, do sistema nacional de saúde, na qualidade de vida dos doentes e portadores, e na sociedade em geral. Também esperamos gerar dados que permitam prever a esperança de vida dos portadores deste tipo de cancro, praticamente para todas as apresentações clínicas que surgem em portadores de mutações germinativas”, destaca Carla Oliveira.

“A nossa grande expectativa”, prossegue a investigadora, “é produzir um estudo que apresente uma prova sólida para administradores hospitalares e decisores políticos, de que é mais rentável prevenir do que tratar. Neste caso estamos a falar de evitar que familiares jovens de quase 400 mil pessoas, com história familiar e portadores de variantes causadoras da síndrome hereditária de cancro da mama e do ovário/ano (principalmente causados por variantes nos genes BRCA1 e BRCA2), evoluam para doença grave”.

Mas os benefícios do estudo podem não ficar por aqui. “A nossa estratégia inovadora pode ser aplicada a outras doenças hereditárias”, refere ainda a investigadora, lembrando que “é nosso dever demonstrar os grandes benefícios sociais e financeiros da prevenção, não só para os portadores e doentes com estas síndromes, mas também para os prestadores de cuidados de saúde, os cuidadores e para a sociedade em geral”.

“Estamos numa posição privilegiada para realizar este estudo”

Carla Oliveira lidera, enquanto Membro e Coordenadora Nacional da Rede Europeia de Referência GENTURIS, um projeto relacionado com o cancro gástrico hereditário difuso (HDGC) no consórcio europeu Solving Rare Diseases (Solve-RD). A investigadora do i3S e atual atual Secretária Geral adjunta da Sociedade Europeia de Genética Humana (ESHG) coordenou também o primeiro estudo sobre o modelo de custo-benefício em relação ao Cancro Hereditário Gástrico Difuso. O projeto agora premiado é, contudo, é o primeiro a ser realizado sobre síndromes de cancro hereditário da mama e do ovário.

“Estamos numa posição privilegiada para realizar este estudo, não só porque temos uma equipa multidisciplinar e muito experiente nesta área, mas também porque a motivação é grande, e o nosso trabalho tem sido reconhecido tanto a nível nacional, como internacional”,  sublinha Carla Oliveira, acrescentando que “a contribuição e estímulo da Associação de doentes EVITA para a dinamização deste projeto foi essencial e dá um sentido de realidade ao projeto”,

Para além de Carla Oliveira, o projeto contou com a participação de uma vasta equipa, que teve como pivots a estudante de Doutoramento Liliana Sousa (i3S), bem como os representantes institucionais Fátima Carneiro (Centro Hospitalar Universitário de São João), Fátima Vaz (IPO-Lisboa), Judite Gonçalves (Nova School of Business and Economics), Helena Canhão (NOVA Medical School) e Tamara Milagre (EVITA).

Promovido pela Fundação Amélia de Mello e com curadoria científica da Universidade NOVA de Lisboa / NOVAhealth, o Prémio de Investigação Alfredo da Silva distinguiu este ano três projetos desenvolvidos em instituições portuguesas nas áreas da sustentabilidade social, económica e política.