Aos 24 anos, Raquel Gaião Silva já sabe bem o que quer – apostar em projetos de impacto sobre a conservação marinha e a mitigação das alterações climáticas. Licenciada em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), tornou-se recentemente, com este seu objetivo em mente, Embaixadora da Juventude da Organização das Nações Unidas para o combate às alterações climáticas. E é nessa qualidade que vai participar, a partir desta segunda-feira, na Conferência das Partes 25 (COP25) que decorre até 7 de dezembro, em Madrid, sob organização chilena.

Sempre muito ativa no que toca às causas ambientais, foi a iniciativa de criar um mini-documentário sobre a Ocean Alive, a primeira associação em Portugal dedicada à proteção do oceano, que lhe valeu a oportunidade de apresentar, na COP25, o seu projeto de conservação das pradarias marinhas do estuário do Sado e que a fez vencedora do The Global Youth Video Competition.

Mas este já não é o primeiro prémio conquistado por esta jovem bióloga formada na FCUP. Em 2018, Raquel Gaião Silva conquistou o prémio mundial Global Biodiversity Information Facility Young Researchers Award, com um trabalho sobre o impacto das alterações climáticas na distribuição de macroalgas na costa Atlântica da Península Ibérica.

 

Foi também em 2018 que a jovem natural de Viana do Castelo concluiu o Mestrado Internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha, o EMBC+, formado pelo consórcio de seis universidades europeias, entre as quais a Universidade do Algarve, e com mais de 60 parceiros em todo o mundo.

Atualmente, Raquel Gaião Silva trabalha como consultora na Bluebio Alliance, uma associação portuguesa sem fins lucrativos, fundada em 2015, que representa todos os participantes dos bio-recursos marinhos e da cadeia de valor biotecnológica azul.

Apreciadora de filmes da Pixar, deixa-nos uma mensagem de apelo ao combate às alterações climáticas, pois acredita que todos podemos criar um mundo melhor para as gerações mais novas.

A alumna da FCUP é uma das Embaixadoras da Juventude da ONU para o combate às alterações climáticas (Foto: DR)

– Naturalidade? Viana do Castelo

– Idade? 24 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Das boas infraestruturas.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Não haver um único polo universitário e haver poucas residências para estudantes.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Mais cooperação entre academia, organizações e empresas.

– Como prefere passar os tempos livres?

Viajar, cinema, concertos, café com amigos, estar com a minha família.

– Um livro preferido?

A cidade dos deuses selvagens, Isabel Allende.

– Um disco/músico preferido?

Pergunta difícil… gosto de muitos géneros de música: Queen, Hans Zimmer, Miguel Araújo, Deolinda, Caetano Veloso.

– Um prato preferido?

Qualquer prato preparado pela minha mãe. 😊

– Um filme preferido?

Adoro os filmes da Pixar, dos mais recentes adorei o Coco.

– Uma viagem de sonho? (realizada ou por realizar)

Filipinas.

– Um objetivo de vida?

Ter todas as skills necessárias para gerir projectos de impacto, relacionados com conservação marinha/sustentabilidade/mitigação de alterações climáticas.

– Uma inspiração?

Sylvia Earl

– Enquanto embaixadora da ONU contra as alterações climáticas, que mensagem quer deixar aos jovens portugueses e sobretudo a quem faz investigação nesta área?

Está na hora de acabarmos com a negação de que estamos em crise e aceitar que estamos no limiar de perdermos a qualidade de vida que temos vindo a conquistar. Felizmente, quando o ser humano tem medo da perda, é capaz de fazer coisas extraordinárias e somos nós os jovens que seremos os principais responsáveis para trazer soluções inovadoras e não deixar esta situação atingir um ponto sem retorno. A boa notícia é que a crescente pressão sobre os recursos já alertou imensas pessoas para a necessidade de repensar o uso de materiais e da energia. E é o nosso papel como cidadãos ativos e preocupados, de reivindicar uma mudança profunda e urgente no nosso modelo de desenvolvimento económico. Além das nossas ações individuais, é necessária a mudança do nosso sistema. Está na hora de parar com o desperdício e pensar em economias circulares e sustentáveis. Temos de colectivamente trabalhar para uma transição energética justa e rápida. Para lutarmos contra um dos maiores desafios globais: as alterações climáticas.

Quão bom será dizer aos nossos filhos e aos nossos netos que nós contribuímos para solucionar esta crise? O meu principal desejo é vir do COP25 muito mais consciente e com uma noção real de como combater esta crise climática. Irei dar o meu melhor para divulgar o que aprendi e estou cheia de vontade de pôr as mãos na massa em projectos que façam a diferença.