Foi em 1973 que José Sarsfield Cabral concluiu a primeira etapa do seu longo percurso académico na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP). Licenciado em Engenharia Mecânica neste ano e doutorado na mesma área em 1990, o hoje Professor Emérito da FEUP foi o grande impulsionador da criação e desenvolvimento do Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da instituição.
Com mais de 35 anos dedicados ao ensino da Engenharia, assumiu ainda vários cargos de gestão na Universidade do Porto, como pró-reitor na área de Melhoria Contínua, diretor do departamento e da licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial da FEUP, presidente do Conselho de Administração da NET – Novas Empresas e Tecnologias, S.A., membro do Conselho Geral da EGP/Porto Business School e membro da Comissão Executiva da Fundação Gomes Teixeira.
Fora da Universidade, foi também membro da Comissão Instaladora e do Conselho Diretor – a que preside atualmente – da APGEI (Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial), foi vice-presidente da Associação Portuguesa Para a Qualidade, presidente da Fundação Para o Museu do Douro e presidente do Conselho Técnico Consultivo da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense. É ainda membro do Conselho de Curadores da Fundação Belmiro de Azevedo e presidente da Assembleia Geral da Associação Bagos d’Ouro.
E com uma carreira de sucesso, vem o reconhecimento. Sarsfield Cabral foi distinguido com o prémio Personalidade Qualidade 2015, atribuído pela Associação Portuguesa para a Qualidade, pelo seu contributo profissional e académico nesta área em que desenvolveu toda a sua atividade académica, a par da estatística aplicada.
A 1 de março de 2019 deu a sua Última Aula sob o mote ‘Viagem pela Garantia da Qualidade’, despedindo-se da carreira de docente.
Mas nem só de Engenharia vive o homem. O antigo docente da FEUP voltou recentemente às competições de natação, modalidade que praticou desde tenra idade. O resultado? Sagrou-se campeão nacional do escalão J (dos 70 aos 75 anos) em quatro provas diferentes: 100 metros Livres, 100 metros Bruços, 100 metros Estilos e 50 metros Bruços.
“O Campeonato Nacional de Inverno deste ano foi o estímulo que precisava para me dedicar com maior regularidade ao treino da modalidade e manter a ilusão de que a juventude ainda não se tinha desvanecido totalmente!”, confessa.
– Naturalidade? Porto
– Idade? 73 anos
– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Ser um fator relevante para o desenvolvimento económico e social da cidade, da região e do país.
– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Do excesso de individualismo, dos pequenos “territórios”, da falta de ambição coletiva e de visão estratégica que ainda prevalecem entre alguns de nós.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Promover de forma ainda mais efetiva cursos cujos programas integrem unidades curriculares ministradas por faculdades de diferentes áreas científicas.
– Como prefere passar os tempos livres?
Com a família e amigos.
– Um livro preferido?
Excetuando os géneros do tipo romance e poesia sobre os quais não conseguiria escolher, “Pensar depressa e devagar” do Daniel Kahneman.
– Um disco/músico preferido?
De entre muitos outros, os “concertos para piano de Mozart”, interpretados por Alfred Brendel, com a Academy of St. Martin-in-the-Fields dirigida por Neville Marriner; “Abbey Road”, dos Beatles; “Com que Voz”, Amália Rodrigues.
– Um prato preferido?
De entre muitos, lampreia à bordalesa.
– Um filme preferido?
“Hable con ella”, de Pedro Almodóvar.
– Uma viagem de sonho?
Pelo Douro, no Outono.
– Um objetivo de vida?
Aceitar aquilo que me estiver destinado e ser feliz com isso.
– O projeto da sua vida?
A consolidação da Engenharia e Gestão Industrial na FEUP.
– Uma ideia para promover a investigação da U.Porto a nível internacional?
Insistir de forma determinada e persistente no apoio à participação de investigadores da U.Porto em projetos internacionais, nomeadamente os promovidos pela Comissão Europeia e por agências internacionais. Como se vê, nada de original!
– Um conselho para os investigadores mais jovens que estão a começar o seu percurso na sua área?
Apaixona-te pelo teu projeto, acredita nele, dá o teu melhor, mas não te isoles. Pelo contrário, integra-te o mais possível nas redes (nacionais e internacionais) que se situam na órbita do que investigas, discute as tuas ideias e resultados, participa em reuniões e congressos e estabelece ligações.