Paula conhece o mundo como poucos. Aventura-se a percorrer lugares pouco procurados, numa procura incessante por histórias. Licenciada em Jornalismo e Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras da U.Porto (onde ingressou em 2003),  deixa-se levar pela paixão pelo jornalismo e o “seu mundo” não tem fronteiras.

Está há cinco anos e seis meses a viver em Washington, nos Estados Unidos da América. Foi para ser jornalista e coordenadora de redes sociais no projeto Connect4Climate do Banco Mundial, um programa internacional dedicado as alterações climáticas que, de uma forma muito criativa tem vindo a desenvolver globalmente iniciativas em vários setores (cinema, desporto, tecnologia, arte, entre outros) de forma a informar os cidadãos sobre o tema em questão.

Depois de ter trabalhado no Banco Mundial, acaba de abraçar um novo desafio profissional na Voice of America. Em paralelo, desenvolve outros trabalhos como freelancer. Colabora com meios de comunicação portugueses, como Expresso e Sábado, e tem um blog de viagens, o Eating The World.

De Portugal, Paula sente sobretudo a falta “de um café e uma nata. E peixe grelhado”.

– Como surgiu a oportunidade de rumar a Washington?
Através do Programa INOV Contacto, um programa liderado pela AICEP, que anualmente envia jovens de todo o país para o mundo, a fim de obterem uma experiência profissional internacional de seis meses. De referir que cada pessoa tem apenas conhecimento do seu destino e da empresa onde trabalhará depois de concluído todo o processo de seleção.

– O que a motivou mais a ir para fora?
Poderia enumerar bastantes, mas sublinho sempre dois motivos: a crise vivida na área do jornalismo (escassez de empregos, condições de trabalho precárias e a ausência de aposta na inovação e ideias out of the box) e o desejo interno de alargar o horizonte e a aprendizagem profissional e pessoal, uma, vá, curiosidade de mundo.

– Há quanto tempo está fora de Portugal?
Há cinco anos e seis meses.

– Como foi a adaptação aos Estados Unidos?
Pessoalmente falando foi, honestamente, fácil. Existem, de facto, inúmeras diferenças culturais/profissionais entre os Estados Unidos e Portugal, mas a verdade e que não existe um fosso cultural gigante entre os dois países. Washington DC é uma cidade bastante multicultural e, pelo facto de ter sido inserida numa equipa composta por europeus, a adaptação foi quase imediata.Em termos pessoais, obviamente que ter partido para Washington DC com outros portugueses foi um bálsamo que colmatou a distância e que, naturalmente, facilitou a integração social. Há, obviamente, ajustes que tem de ser realizados diariamente, como é natural.

– Um conselho para quem visita a cidade onde vives?
Ser persistente. Nos vários campos. Em termos profissionais, a persistência é fulcral para se chegar onde se deseja, para se mostrar que se existe num mercado tão grande. E em termos sociais. Os americanos têm uma simpatia intrínseca constante surpreendente, porém integrar um grupo de amigos exige que se insista. Contudo, quando nos acolhem, acolhem-nos como família.

– Principais experiências nos EUA?
Os amigos são aqui a família longe de casa. E a minha é muito variada. Inclui americanos, italianos, espanhóis, portugueses, asiáticos, africanos (o que por si só é uma nova realidade). Eu destaco sempre três eventos anuais verdadeiramente americanos para se experienciar: o 4 de julho (dia da Independência), o Halloween e a Ação de Graças. Os Estados Unidos são um país muito diversificado em todos os aspetos, mas estes marcos são possivelmente os mais semelhantes em todo o país.

Se tivesse de destacar uma experiência, não teria dúvidas: a route 66. Atravessar o país em quatro rodas foi, sem dúvida, uma das maiores vivências pessoais e uma janela para entender melhor a América, na sua vertente social, politica e cultural. Alem disso, é uma viagem deslumbrante. Esconde-se tanto de belo nos Estados Unidos com

– Do que sente mais falta de Portugal? Pensa voltar?
Um café e uma nata. E o peixe grelhado. E, ai.. a francesinha. E o meu mar do Norte. A lista poderia continuar! E inequívoco que sentirei sempre imensa falta do que é mais português, gastronómica, cultural e paisagisticamente, mas, é, evidentemente, das minhas pessoas que mais falta sempre sentirei. A saudade – essa palavra sem tradução, que quando se esta distante se reconhece tão proximamente e tão fortemente – é um monstro que, se não tivermos cuidado, nos engole.

Se voltarei? Ainda não arranjei resposta para a pergunta. A verdade e que Portugal e, simultaneamente, uns pais maravilhoso e frustrante. Mas, é, enfim, o lugar onde sempre queremos regressar.