Nascida no Porto há 25 anos, Ariana Soares Portela cedo percebeu que estava destinada a descobrir novos mundos. E seria na Universidade do Porto que encontraria “o lugar onde os meus sonhos começaram a ter asas para voar”. Licenciada em Bioquímica em 2019, recorda “com orgulho” os anos passados nas salas da Faculdade de Ciências (FCUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), onde diz ter aprendido “a lutar por ser cada dia melhor”.

Depois de um estágio curricular bem sucedido no grupo «Molecular Neurobiology» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3s), o “espírito aventureiro e a vontade de explorar e conhecer o mundo” levaram-na a aventurar-se por terras da realeza, para tirar o mestrado em Biociências Aplicadas na Universidade de Anglia Ruskin em Cambridge, Reino Unido. Mas Ariana queria mais. E, quando surgiu a oportunidade de trabalhar na prestigiada Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, não hesitou…

Na “cidade que nunca dorme” desde 2022, Ariana Soares Portela está atualmente envolvida na procura de soluções terapêuticas para doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer e a Esclerose Lateral Amiotrófica. E se, a nível profissional, a experiência tem sido “uma escalada”, a pessoal não lhe fica atrás. “Adoro o facto da cidade ter sempre algo novo para ver ou experimentar, nunca me aborreço!”, diz a jovem investigadora.

Por tudo isso, regressar a Portugal não está, para já, nos planos de Ariana Soares Portela: “Talvez um dia volte, mas por agora estou bem a explorar o mundo e a submergir-me em outras culturas!”.

– Como surgiu a oportunidade de ir para Nova Iorque?

Sempre tive um espírito aventureiro e vontade de explorar e conhecer o mundo. Desde que entrei na licenciatura sabia que queria ter alguma experiência no estrangeiro, assim fosse a estudar ou a trabalhar. A aventura começou já no mestrado quando fui estudar para Inglaterra. Quando acabei o mestrado, comecei a procurar trabalho e/ou Doutoramento na Europa e nos Estados Unidos.

A oportunidade de vir para Nova Iorque surgiu em 2022 depois de eu ter contactado um investigador que eu seguia já há muito tempo no Linkedin! Eu já admirava desde longe o trabalho do Dr. Giulio Maria Pasinetti em Neurociências. Depois de falarmos por email, tive uma entrevista e ofereceu-me uma posição como Investigadora Associada no seu laboratório na Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai em Nova Iorque! Além disso, quem é que não quer vir a Nova Iorque? É a cidade onde os sonhos se tornam realidade!

– De que forma a Universidade do Porto teve impacto neste processo?

A Universidade do Porto é a minha Alma Mater, o lugar onde os meus sonhos começaram a ter asas para voar! Tudo aquilo que sou hoje a nível profissional é graças a este curso espetacular que fiz na U.Porto, graças ao apoio dos meus professores, e também às amizades incríveis que fiz durante o curso.

A Universidade do Porto sempre me ensinou a lutar por ser cada dia melhor, ensinou-me a ser perfecionista, organizada e meticulosa. Tenho muito orgulho em dizer que a minha formação na U.Porto e o trabalho de toda a gente envolvida na Faculdade de Ciências, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde me trouxeram até onde estou hoje e sei que ainda me vai levar muito mais além!

– Como foi a adaptação a Nova Iorque?

Nova Iorque é uma cidade fascinante e que de facto, nunca dorme! Adaptar-me à cidade tem sido um processo interessante, é muito diferente de Portugal, muita gente em qualquer lado, com um ritmo de vida muito mais acelerado e por isso é preciso saber parar para respirar. Apesar de estar a adorar ter a experiência de viver na cidade dos sonhos, de vez em quando também preciso de ir por exemplo para Central Park para ter contacto com a natureza e a calma.

(Foto: DR)

– Que principais experiências tem tido a nível profissional e pessoal?

A nível profissional tem sido uma escalada, estou envolvida em vários projetos, nomeadamente a procurar soluções terapêuticas para doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer e a Esclerose Lateral Amiotrófica.

Recentemente, participei num concurso organizado pelo Friedman Brain Institute chamado “Art of the Brain” na qual o requerimento era submeter imagens artísticas relacionadas com o cérebro. Estas mesmas foram publicadas em todas as redes sociais e a imagem com maior número de likes ganhava. Eu ganhei o primeiro lugar neste concurso, com um prémio de 200 dólares! Estou muito feliz pelo meu trabalho ter sido reconhecido e mesmo em casa, Portugal, a minha imagem [de um hipocampo de ratinho com a doença de Alzheimer] foi partilhada por inúmeras pessoas, incluindo o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3s) que partilhou também nas suas redes sociais de forma a apoiar o trabalho de uma alumni.

Trabalho com pessoas com backgrounds muito diferentes e de vários países, por isso sinto que tenho enriquecido bastante o meu conhecimento a nível método de trabalho e também a nível pessoal por ficar a conhecer culturas tão diferentes. Uma coisa que me surpreendeu em Nova Iorque foi que as pessoas são extremamente simpáticas, ao contrário do que se pensa, por isso fazer amigos tem sido divertido, até mesmo os colegas de trabalho têm-se tornado bons amigos!

(Foto: DR)

– O que gosta mais na cidade? E menos?

Adoro o facto da cidade ter sempre algo novo para ver ou experimentar, nunca me aborreço! Estão constantemente a abrir museus novos, eventos, atividades, cafés, shows da Broadway (é a minha atividade preferida por aqui),além de que é uma cidade super divertida e alegre. Contudo, é também muito estressante e caótica, isso é o que menos gosto.

– Que balanço faz desta experiência em Nova Iorque?

Tem sido uma experiência muito positiva. Tenho tido experiências em Nova Iorque que são inigualáveis (como ver a Sarah Jessica Parker a filmar a série “And Just like That” em Upper East Side e conhecer a Kristin Chenoweth), tenho feito bons amigos, tenho evoluído na minha carreira e também já conheci mais algumas cidades nos Estados Unidos. Estou muito feliz por estar a ter esta experiência, este país abriu-me as portas para eu vir dar o meu melhor e estou muito grata por isso. Aqui nos Estados Unidos, as pessoas são muito nacionalistas, todas as casas e apartamentos tem bandeiras fora e é muito interessante ver também as suas tradições como o Thanksgiving, o St.Patrick ‘s Day e mal posso esperar por ter a experiência do 4 de Julho!

– Um conselho para quem visita Nova Iorque?

Para vir a Nova Iorque é preciso vir com tempo e mente aberta. Nesta cidade há de tudo, vão ter experiências espetaculares, ver lugares icônicos dos filmes e comer comida muito boa. Recomendo uma viagem de pelo menos 7 dias, com tudo bem planeado e poupar para comer os pratos e doces incríveis que aqui tem, experimentar coisas novas. Se existe, está em Nova Iorque.

– De que sente mais falta? Pensa voltar a Portugal?

Principalmente sinto falta da minha família e dos meus amigos, mas não posso deixar de mencionar a nossa bela Francesinha do Porto e um bom Pastel de Nata!

Talvez um dia volte a Portugal, mas por agora estou bem a explorar o mundo e a submergir-me em outras culturas!