Nasceu em Vila Real há 25 anos, mas estudar na Universidade do Porto “foi desde muito cedo” o objetivo de Ana Rita Brás. O mesmo que concretizou em 2014, quando ingressou na licenciatura em Bioquímica da Faculdade de Ciências (FCUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Seguiu-se o Mestrado em Neurobiologia na Faculdade de Medicina e, pelo meio, duas experiências Erasmus – em onde alimentou a paixão pela investigação científica.
Foi, de resto, a Ciência que trouxe Ana Rita Brás de volta à Hungria, em outubro de 2019, para ingressar no doutoramento em Neurociências da prestigiada Semmelweis University. “Originalmente não estava nos meus planos vir para Budapeste fazer o doutoramento, uma vez que já tinha feito Erasmus na Hungria e ponderava ir para um país diferente. Mas o projeto de doutoramento e laboratório que encontrei eram muito interessantes, e por isso decidi voltar”, conta.
Em Budapeste, a jovem investigadora descobriu a oportunidade de aumentar os seus conhecimentos em neuroinflamação, área a que dedicou o projeto de doutoramento que está a desenvolver no Kísérleti Orvostudományi Kutatóintézet (Instituto de Medicina Experimental), com o apoio de uma bolsa Marie Skłodowska-Curie.
Ainda a habituar-se ao clima “frio no inverno” e “calor tórrido no verão” da “pérola do Danúbio”, Ana Rita Brás recorda com saudade as montanhas de Trás-os-Montes e o mar que se habituou a ter como vizinho enquanto estudava no Porto. A curto prazo, pretende continuar a desenvolver projetos de investigação no seu laboratório e a aproveitar todas as oportunidades que lhe surgem.
O que te motivou a ir para Budapeste?
Originalmente não estava nos meus planos vir para Budapeste fazer o doutoramento, uma vez que já tinha feito Erasmus na Hungria e ponderava ir para um país diferente. Mas o projeto de doutoramento e laboratório que encontrei eram muito interessantes, e por isso decidi voltar à Hungria.
Como surgiu a oportunidade de ir viver para Budapeste/Hungria?
Eu estava a procurar oportunidades de doutoramento e encontrei uma Inovative Training Network, um programa de doutoramento da Marie Skłodowska-Curie Actions, onde este projeto estava incluído. Decidi candidatar-me porque o tema era relacionado com projetos nos quais tinha trabalhado no passado e nos quais tenho interesse.
De que forma a Universidade do Porto teve impacto no teu percurso?
Primeiro, deu-me grande parte da formação que agora é importante na minha carreira científica. Mas o fator mais determinante foi o programa Erasmus. Acho que o Serviço de Relações Internacionais da Universidade do Porto tem feito um ótimo trabalho em incentivar a mobilidade. Fiz Erasmus estudos durante a licenciatura e Erasmus estágio durante o mestrado. Foi o período de mobilidade durante a licenciatura que influenciou a minha escolha por um mestrado em neurobiologia, já que para além de aprendizagem e competências que adquiri, foi nesse momento que tive contacto pela primeira vez com a área. Mais tarde, com o período de mobilidade durante o mestrado, desenvolvi técnicas que hoje uso na maioria do meu projeto de investigação.
Como foi a adaptação à Hungria?
No início foi relativamente fácil, porque já tinha vivido em Szeged durante o Erasmus da licenciatura; já conhecia o estilo de vida no país e tinha amigos que facilitaram a reintegração. No entanto, o início da pandemia tornou as coisas mais difíceis, mas isso na minha opinião é geral e teria acontecido em qualquer lugar. Pude comparar como a pandemia foi vivida aqui e em Portugal, pelo contacto que tinha com família e amigos.
O que é que gostas mais em Budapeste/Hungria, em geral. E menos?
Gosto que Budapeste seja uma cidade muito viva, há sempre algo a acontecer, eventos e lugares para visitar. É também uma cidade muito internacional. Como pontos menos positivos, diria que para mim são o clima e algumas características do país. Não que seja propriamente mau, mas estava habituada ao clima ameno de Portugal, a ter montanhas e mar. A Hungria é um território muito plano, com um clima de muitos extremos, do frio no inverno ao calor tórrido no verão.
Um conselho para quem visita Budapeste/Hungria?
Budapeste tem muito para ver e fazer, mas devido à grande tradição termal, quem visita não pode perder a oportunidade para relaxar num dos muitos banhos termais da cidade.
Do que é que sentiste mais falta em Portugal?
Diria que o mesmo que mencionei quando falei do que “não gosto” na Hungria. A falta de montanhas e do mar. Aqui a paisagem é mais monótona.
Que novas viagens te reserva o futuro?
Espero que muitas. Com a pandemia, muitas viagens e projetos foram cancelados ou adiados, mas espero que sejam retomados antes do fim do meu doutoramento. Para já, estou a aproveitar a minha estadia num país na Europa central para conhecer os vários países à volta.