Uma das licenciaturas em Bioquímica mais antigas de Portugal, a licenciatura em Bioquímica da Universidade do Porto, comemora, este ano, 40 anos de existência. Uma data que será assinalada pela Faculdade de Ciências (FCUP) e pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), com um programa e palestras e mesas-redondas sobre a investigação na área da Bioquímica.

Com início marcado para esta terça-feira, dia 5 de abril, na FCUP, este ciclo de eventos – que será complementado no dia 18 de maio, no ICBAS – pretende ainda homenagear três professores de grande relevância na implementação e desenvolvimento da Licenciatura e do Mestrado em Bioquímica: Baltazar de Castro, que trabalha no desenvolvimento de novos materiais e design de moléculas com atividade terapêutica; Maria João Ramos, que lidera o grupo de investigação em Bioquímica computacional, e Maria João Saraiva, cientista de renome na área da Neurobiologia.

“Após 40 anos, é muito fácil verificar muitos casos de sucesso dos seus alumni, ao nível da investigação de excelência no panorama internacional, da obtenção de grandes financiamentos para a sua investigação e dos prémios de reconhecimento científico obtidos”, refere Nuno Mateus, diretor do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, que classifica este curso como “um caso bem-sucedido” de “casamento” entre a FCUP e o ICBAS.

“Uma referência nacional”

Para Claudio Sunkel, diretor do Departamento de Biologia Molecular, este curso “é já uma referência nacional pela sua sólida formação em áreas da Bioquímica o que tem resultado, ao longo de muitos anos, na atração de alunos de grande qualidade.”

O mesmo responsável realça também “a forte ligação dos docentes do curso com unidades de investigação de grande prestígio, o que permite a sua futura inserção em grupos de investigação de topo”.

É o caso, por exemplo, de Pedro Madureira, um dos fundadores da startup portuguesa Immunethep. O investigador, que trabalha no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), é um dos responsáveis pela vacina portuguesa contra a COVID-19 “SILBA”, que neste momento aguarda financiamento para iniciar os testes e que pode ajudar a erradicar, de uma vez por todas, a doença.

“Como resultado da sua crescente atratividade, o número clausus de estudantes foi subindo sem, no entanto, se traduzir num prejuízo da respetiva empregabilidade”, enfatiza Nuno Mateus, que é, ele próprio, antigo estudante do curso.

De facto, a licenciatura em Bioquímica passou a ter 92 vagas em 2021, face às 70 no ano letivo 2007/2008 quando o curso passou de 4 para 3 anos, em resultado da aplicação do processo de Bolonha. O curso de Bioquímica da U.Porto é, de resto, o  que tem a média de entrada mais alta (180,5) dos doze cursos de acesso ao ensino superior a nível nacional.

“Na minha experiência pessoal, os alunos que terminam a licenciatura em Bioquímica têm uma sólida formação, o que lhes permite dedicarem-se a muitas áreas de investigação diferentes”, certifica Claudio Sunkel.

Para além da área da saúde, o curso de Bioquímica tem também formado licenciados que se especializam na área alimentar. Um exemplo é Maria João Sousa, agora professora na Universidade do Minho e investigadora no Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA), que estudou uma levedura capaz de ajudar a melhorar a qualidade do vinho.

Ao longo dos 40 anos do curso passaram também docentes históricos da Ciência em Portugal como Alexandre Quintanilha, Professor Jubilado do ICBAS, Carlos Corrêa, Professor Emérito do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, e Pedro Moradas-Ferreira, Professor Catedrático aposentado do ICBAS.