Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) vão desenvolver pela primeira vez um mapa geral de extinção das espécies do Parque Natural de Montesinho. Recentemente apoiado pela Fundação para a Ciências e Tecnologia (FCT) com um financiamento que pode ascender aos 250 mil euros, o projeto MontObEO vai utilizar metodologias inovadoras para avaliar o risco de extinção da flora e fauna deste parque, situado no nordeste de Portugal.

“O nosso método vai avaliar como a qualidade dos habitats preferidos por cada espécie em estudo muda ao longo do tempo. Isto é feito através de séries temporais de modelos de distribuição potencial das espécies que usam as imagens de satélite como fonte de dados ambientais”, explica Neftalí Sillero, investigador responsável pelo projeto.

O objetivo passa pela construção de um sistema de alerta precoce, o Observatório da Biodiversidade de Montesinho, utilizando séries temporais obtidas a partir de dados de Deteção Remota por satélite e modelos de nicho ecológico (ENMs) para identificar alterações na qualidade dos habitats. Desta forma, será possível estimar o risco de extinção das espécies ao longo do tempo e do espaço.

“O output principal vai ser um mapa geral de extinção para todo o parque considerando todas as espécies em estudo. A outra grande vantagem do nosso método é que pode ser adaptado a qualquer área de estudo (o planeta inteiro, por exemplo) e a qualquer período de tempo sempre que haja imagens de satélite disponíveis”, acrescenta Neftalí Sillero , que faz investigação no Centro de Investigação em Ciências Geo-Espaciais (CICGE), da FCUP. 

Aposta na conservação do Parque Natural de Montesinho

Se tudo correr como previsto, o Observatório de Montesinho fornecerá novos dados sobre o estado de conservação da flora e fauna no Parque Natural de Montesinho, ao nível das espécies, e especialmente dos habitats raros, mas também por grupo taxonómico e ao nível da conservação. “Juntando todos os modelos de espécies, iremos identificar as áreas do PN de Montesinho sob maior pressão”, prevê o investigador da FCUP.

Com os resultados do projeto, a equipa de cientistas será igualmente capaz de identificar as áreas deste parque que estão sob maior pressão. “Essas áreas deverão ser as mais importantes para a aplicação de medidas de conservação”,  detalha Neftalí Sillero. Para implementar medidas, os resultados estarão disponíveis para toda a comunidade, sejam políticos ou outras pessoas com responsabilidades de conservação.

O projeto conta com a participação das docentes da FCUP, Ana Teodoro e Lia Duarte, e com investigadores do Instituto Politécnico Viana do Castelo,  Universidade de Córdoba e da ForestWise.

O projeto MontObEO foi um dos seis contemplados no âmbito do concurso lançado pela FCT para financiamento Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico para a promoção de atividades de I&D de âmbito interdisciplinar e pluridisciplinar a realizar na região do Parque Natural do Montesinho. O conjunto dos projetos selecionados, que terão a duração de 36 a 48 meses, traduz um investimento total de 1,4 milhões de euros.