Foi inaugurada no passado dia 25 de novembro, no estuário do rio Ave, em Vila do Conde, uma Barreira de Bolhas que terá como missão a captação e retenção de plásticos antes de chegarem ao Oceano, através de uma cortina de bolhas de ar. A implementação desta tecnologia inovadora resulta de uma parceria entre a equipa do projeto MAELSTROM, do qual o CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto é o representante português.

A Barreira de Bolhas (Bubble Barrier) captura cerca de 86% dos detritos inorgânicos na coluna de água, sem obstruir a passagem de várias espécies aquáticas, ou o tráfego de navios, enquanto possibilita o aumento de oxigénio dissolvido no local, beneficiando o ecossistema aquático em que está inserida.

Esta solução amiga do ambiente, alimentada por energia solar fotovoltaica, produz uma cortina de bolhas de ar que retém o plástico e o lixo, que são recolhidos no sistema de captação e que acabarão por ser transformados em materiais de segunda geração pelos parceiros do projeto.

A projeção e implementação da Bubble Barrier teve a supervisão científica do CIIMAR, que liderou várias missões de avaliação do estado ecológico do estuário do Ave para compreender o impacto ambiental da iniciativa neste ecossistema, desenvolvendo, também, um modelo hidrodinâmico de suporte à tecnologia.

(Foto: CIIMAR)

O CIIMAR também coordenou o envolvimento de intervenientes locais, regionais e nacionais, como a Docapesca – Portos e Lotas, S.A., a Agência Portuguesa do Ambiente, a da Autoridade Marítima – Capitania de Vila do Conde, a LIPOR e o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Vila do Conde (CMIA Vila do Conde), que foram fundamentais para o sucesso do design e implementação de todo o sistema.

Para além do CIIMAR, o projeto envolveu ainda envolveu ainda a The Great Bubble Barrier, o Instituto de Energia Sustentável da Universidade de Malta, a Câmara Municipal de Vila do Conde e a Deltares,

A cerimónia de inauguração contou com a presença do Secretário de Estado do Mar,  José Maria Costa, do Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, José Pimenta Machado, do Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Vítor Manuel Moreira Costa, da Comandante da Capitania do Porto de Vila do Conde, Mónica Martins, do Administrador da Docapesca – Portos e Lotas, S.A., Nuno Coelho e do Presidente da Comissão Executiva da LIPOR, Fernando Leite.

(Foto: CIIMAR)

Como funciona a Barreira de Bolhas?

O sistema é composto por três componentes principais: uma cortina de bolhas, um compressor e um sistema de captação. A cortina de bolhas é criada através do bombeamento de ar por um tubo perfurado, localizado no leito do rio, que cria uma corrente ascendente e traz os resíduos para a superfície. Ao colocar a Barreira de Bolhas na diagonal, o fluxo natural da água direciona os detritos para as margens e para o sistema de captação. Por sua vez, o sistema de captação é esvaziado e os resíduos são encaminhados para processamento e reciclagem.

A tecnologia é sustentada por um sistema de painéis solares, tanto térreos como flutuantes, concebido pelo Instituto de Energia Sustentável da Universidade de Malta, um dos 14 parceiros do projeto MAELSTROM, que tem como missão implementar tecnologias inovadoras para a remoção e reciclagem de lixo marinho.

O sistema de painéis deverá produzir 57.300 quilowatt-hora (kWh) de energia renovável durante o primeiro ano de funcionamento, compensando “parte da eletricidade proveniente da rede elétrica convencional” usada inicialmente pela tecnologia.

Sobre o projeto MAELSTROM

Financiado pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, o projeto MAELSTROM – Smart technology for MArinE Litter SusTainable RemOval and Management é coordenado pelo Conselho Nacional de Investigação Italiano (CNR) e reúne 14 parceiros de centros de investigação, empresas de reciclagem, organizações não governamentais, cientistas marinhos e especialistas em robótica de oito países europeus, onde o CIIMAR é o representante português.