Os docentes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Luís Lopes e Eduardo Marques, desenvolveram uma aplicação web que permite a classificação de várias espécies biológicas através da submissão de fotografias.

Atualmente disponível para dispositivos iOS, a Biolens é capaz de reconhecer um subconjunto muito significativo das espécies portuguesas de libelinhas, libélulas, borboletas e mariposas. Para tal, “faz uso de técnicas de inteligência artificial, em particular redes neuronais profundas (deep neural networks) para classificação de imagens, com o objetivo de desenvolver modelos de identificação automática de espécies biológicas que funcionam como indicadores da saúde dos ecossistemas”, explica Luís Lopes.

O desenvolvimento desta plataforma inovadora surgiu da necessidade de uma maior precisão na identificação em ferramentas de ciência-cidadã já existentes, nomeadamente no que se refere às espécies de Portugal.

“A Biolens pretende ajudar a construir extensas bases de dados da presença de seres vivos em território português, disponibilizando-as posteriormente à comunidade científica”, refere, por sua vez, Eduardo Marques.

Os estudos resultantes destas bases de dados permitirão monitorizar a biodiversidade de uma determinada região, possibilitando que essa informação seja usada para a tomada de decisões políticas com vista à proteção dos ecossistemas.

Uma ferramenta para “cientistas cidadãos”

Os professores do Departamento de Ciência de Computadores da FCUP referem também que, ao ser capaz de fazer uma classificação imediata, a Biolens consegue estimular os “cientistas cidadãos” a utilizarem plataformas de crowd-sourcing para identificação dos seres vivos por eles fotografados.

“Este tipo de bases de dados é muito importante, uma vez que obter grandes volumes de dados sobre a localização destas espécies requer inúmeros estudos de campo, o que se pode tornar financeiramente muito exigente”, acrescenta Eduardo Marques.

O projeto conta com a colaboração do Parque Biológico de Gaia, da Sociedade Portuguesa de Botânica e do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) enquanto fontes de conhecimento de taxonomia. Além dos seres vivos atualmente suportados pela plataforma, está ainda prevista a inclusão de outros grupos taxonómicos, em particular, a breve prazo, a flora portuguesa.

O trabalho foi também desenvolvido em conjunto com Tomás Santiago Mamede, estudante do Mestrado em Ciência de Computadores, Miguel Marques, alumnus do DCC-FCUP e Manuel Coutinho, estudante da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP).