O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) assinalou, no passado dia 12 de março, o Dia Internacional da Mulher com o evento “Mulher: sexualidade e saúde no feminino”. Uma conversa “entre mulheres”, mas destinada a todas as pessoas, que teve como ponto de partida a democratização do acesso à saúde sexual e reprodutiva, e os principais avanços e recuos neste processo.

O papel da mulher na sociedade, na atividade profissional e na família, a importância da educação sexual nas escolas, os principais tabus em torno da sexualidade da mulher – mas não só – e as diferentes fases da saúde e da sexualidade femininas foram algumas das paragens obrigatórias desta conversa entre a radioncologista do IPO-Porto, alumna do ICBAS, e sexóloga clínica, Mafalda Cruz, e a psiquiatra da Unidade Local de Saúde de Santo António, Irina Gorgal Carvalho. A moderação ficou a cargo de Bárbara do Carmo Silva, do Gabinete de Comunicação e Imagem do ICBAS.

“Apesar de ter havido um grande investimento da sociedade na mulher, que se traduziu em conquistas como as consultas de planeamento familiar, o acesso livre à contraceção ou as licenças de maternidade, ainda há muito a fazer”, defendeu Irina Gorgal Carvalho.

De entre o muito que ainda há a ser feito incluem-se a desmistificação de “tabus” relacionados com a intimidade, conforme defendeu Mafalda Cruz. Para a sexóloga clínica, o maior acesso à informação ainda não se refletiu suficientemente na diminuição do preconceito em temas acerca dos quais ainda pouco se fala: o prazer e o desejo sexual em homens e mulheres ou as alterações hormonais nas mulheres e o seu impacto na intimidade ao longo das várias fases da vida.

Temas que, de uma ou outra forma, desaguaram quase sempre no assunto “educação sexual”, que ambas as oradoras consideraram ser ainda insuficiente, e “ainda muito focada nos perigos, como o de uma gravidez não desejada, ou nos riscos de doenças sexualmente transmissíveis”, segundo Mafalda Cruz. Um “trabalho de educação que pode começar em casa, já que as escolas ainda têm um longo caminho para fazer”, e que poderá vir a refletir-se em mulheres e homens mais informados no futuro, concordaram as oradoras.

O debate “Mulher: sexualidade e saúde no feminino”, que teve como cenário algumas réplicas de trabalhos de Abel Salazar sobre a mulher, juntou-se à reportagem Saúde da Mulher em Idade Reprodutiva, promovida pelo ICBAS para assinalar o Dia Internacional da Mulher.