Música como ato de resistência/ Music as an act of resistance é o título do ciclo de cinema que promete animar os finais de tarde de março no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. Em exibição estarão testemunhos fundamentais – incluindo uma entrevista inédita de Sid Vicious, baixista dos Sex Pistols – que ajudam a contextualizar os principais movimentos socias da nossa história mais recente.

Bandas icónicas como os Sex Pistols ou os Clash representam a face mais visível de todo um movimento de revolta e critica social feroz que se insurgiu contra a política governamental britânica, nomeadamente durante o mandato de Margaret Thatcher como primeira-ministra, que teve início em finais da década de 1970 e se prolongou pela década de 1990. Um impulso criativo que acabou por influenciar o panorama musical do resto do mundo.

Neste ciclo de cinema, o público vai poder ter acesso a imagens de arquivo inéditas, seguir o trajeto de elementos de bandas absolutamente marcantes, como os Joy Division, ou mergulhar no universo único e irrepetível da comunidade musical de Manchester dos anos 1970 a 1990.

O programa arranca logo a 1 de março, com a exibição de The Filth and the Fury ((2000), de Julien Temple. Recorrendo a imagens de arquivo inéditas, recortes raros e muitos detalhes hilariantes da “cultura lixo do pré-punk” dos anos 70, este documentário do rock é também uma história social. Entrelaçando uma comovente e inédita entrevista de Sid Vicious com citações contemporâneas dos Sex Pistols sobreviventes, o filme expõe um lado humano da banda nunca antes visto.

“The-Filth-the-Fury” é o filme de arranque deste ciclo de cinema britânico. (Foto: DR(

Na tarde de 8 de março, será exibido Babylon (1980), de Franco Rosso. Este filme segue o trajeto de um DJ de reggae, Brinsley Forde, vocalista do grupo britânico Aswad do Ital 1 Lion Soun System, em Brixton, sul de Londres, na era Thatcher. Enquanto persegue as suas ambições musicais, o jovem DJ tem pela frente uma luta feroz contra o racismo e a xenofobia dos empregadores, vizinhos, polícia e extremistas de direita da Frente Nacional.

Control (2007), de Anton Corbijn, é o filme que se segue, no dia 15 de março. Esta biografia de Ian Curtis conta a história do vocalista dos Joy Division desde os tempos de estudante, em 1973, até ao suicídio, aos 23 anos, na véspera da primeira tour americana da banda em 1980. Pelo meio, assiste-se ao crescimento de um adolescente, apaixonado por David Bowie, depois influenciado pelo movimento punk, inspirado pelos Sex Pistols, até se tornar numa estrela em ascensão da new-wave. O filme explora ainda a forma como Ian Curtis foi resistindo às diferentes pressões que sentia, a epilepsia, o casamento fracassado, as relações amorosas e a dependência dos elementos da banda.

O ciclo termina com outro filme icónico que envolve um clube que se tornou uma lenda. Ao final da tarde de 22 de março, Dia da Universidade, passa o 24 Hour Party People (2002), de Tom Bruggen e Michael Winterbottom. Esta comédia dramática biográfica retrata a comunidade musical popular de Manchester, desde o início da era punk rock, em finais dos anos 1970, até a entrada em cena da “onda Madchester” de finais dos anos 1980 e início dos anos 1990. Qual o epicentro de todo este fenómeno? A Factory Records.

O ciclo encerra a 22 de março, coma exibição de “24-Hour-Party-People”. (Foto: DR)

Esta curta temporada de filmes é organizada pelo Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), em conjunto com a Associação Luso-Britânica do Porto e a Casa Comum.

As sessões têm início às 18h30 e serão apresentadas por um membro da equipa do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da FLUP.

A entrada é livre, ainda que limitada à lotação da sala.