O projeto europeu IMPULSE – IMProving User experience, Long-term sustainability and Services of EU-OPENSCREEN, coordenado pela infraestrutura europeia EU-OPENSCREEN ERIC e focado na procura e desenvolvimento de novos medicamentos, recebeu recentemente um financiamento da Comissão Europeia no valor de quatro milhões de euros. Para Portugal virão 315 mil euros e, mais especificamente, para a Universidade do Porto mais de 136 mil euros, distribuídos pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) – cerca de 75 mil euros -, e pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S) – cerca de 61 mil euros.
Neste projeto participam ainda a Universidade de Coimbra (cerca de 52 mil euros) e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (cerca de 126 mil euros). Estas quatro instituições integram a rede nacional PT-OPENSCREEN, coordenada pelo i3S, que faz a ligação com a rede Europeia.
O IMPULSE, que terá a duração de três anos, foca-se no desenvolvimento de novos modelos para a descoberta pré-competitiva de novos medicamentos com a indústria ou instituições de caridade e a crescente comunidade de membros do ERIC.
O projeto tem como objetivos desenvolver, validar e integrar novos serviços em Inteligência Artificial e Machine Learning, novas modalidades químicas e tecnologias inovadoras de células relevantes para doenças, bem como modelos combinados com triagem genética baseada em CRISPR-Cas9/RNAi.
Neste projeto participam todos os parceiros da rede EU-OPENSCREEN, uma infraestrutura pan-europeia que integra um consórcio de investigação constituído por Universidades Europeias e Institutos de Investigação de 10 países europeus, nomeadamente Portugal, dedicados à fase inicial do processo de descoberta de novos fármacos.
Este financiamento, explica António Ribeiro Pombinho, investigador do i3S que coordena o PT-OPENSCREEN, “vai permitir à ciência nacional colaborar de forma muito próxima com os melhores investigadores da área a nível europeu e aumentar a capacidade de fornecer mais e melhores serviços para responder aos projetos de investigação cada vez mais complexos, ambiciosos e inovadores com o objetivo de descobrir novos medicamentos”.
Fernanda Borges, docente da FCUP e coordenadora do grupo de investigação em Química Medicinal do Departamento de Química e Bioquímica desta faculdade, refere que a participação no projeto IMPULSE “abre portas à submissão de outros projetos europeus pela FCUP no âmbito da inovação e infraestruturas”.
De referir ainda que um dos principais objetivos do projeto IMPULSE – validar e integrar novos serviços baseados em Inteligência Artificial – será coordenado por Portugal, mais especificamente pelo iMed-UL, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
Sobre o consórcio PT-OPENSCREEN
Criado em 2018 com o propósito de aglutinar conhecimento e unir esforços na procura de novas moléculas com fins terapêuticos, o consórcio «PT-OPENSCREEN: Infraestrutura Nacional para a Química Biológica e Genética em Portugal» é constituído por 20 institutos nacionais de investigação das áreas da química e da biologia e liderado pelo i3S. Em 2020, passou a estar incluído no Roteiro Nacional de Infraestruturas de Interesse Estratégico em 2020.
Em 2022, este consórcio liderou a adesão de Portugal à infraestrutura europeia EU-OPENSCREEN ERIC, uma organização internacional sem fins lucrativos – com sede em Berlim, Alemanha – que agrega plataformas de última geração para a identificação de compostos com potencial terapêutico e para a melhoria da estrutura química destes compostos com o intuito de serem mais eficazes e com menores efeitos secundários indesejados.
«Integrar esta estrutura europeia permitiu aos investigadores portugueses aceder às mais avançadas tecnologias, estabelecer contactos com os melhores cientistas europeus na área, obter financiamento através da participação em projetos europeus e ter acesso à biblioteca europeia de 100 mil compostos químicos», sublinha António Ribeiro Pombinho.
Quatro das instituições participantes do PT-OPENSCREEN, indicadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, foram avaliadas por peritos internacionais para serem integradas como parceiros oficiais junto da infraestrutura europeia, o que lhes permite candidatarem-se diretamente a fundos da Comissão Europeia. Desta forma, menos de dois anos após a adesão de Portugal à EU-OPENSCREEN, foram captados para a ciência nacional mais de 500 mil euros em projetos europeus.
O investimento nas infraestruturas nacionais, enfatiza António Ribeiro Pombinho, “irá permitir-nos ser mais competitivos e conseguir mais projetos internacionais, fornecer mais serviços de acesso transnacional e, consequentemente, angariar mais fundos para aplicar em Portugal. Assim, poderemos aspirar ao desenvolvimento de áreas científicas e tecnológicas que fomentem colaborações com as indústrias biotecnológica e farmacêutica, incluindo a criação de novas empresas baseadas na propriedade intelectual criada, e também à retenção de recursos humanos especializados”.