No próximo dia 29 de novembro, às 21h00, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto apresenta uma homenagem a José Luís Borges Coelho, fundador do Coral de Letras da Universidade do Porto e autor de uma notável obra de estudo e divulgação da música portuguesa. Do programa fazem parte um concerto do Coral de Letras e a projeção de um documentário intitulado Zé Luís, um escultor de vozes, ambos com entrada livre.

Através do Coral de Letras, que fundou há mais de 50 anos, é a academia que José Luís Borges Coelho tem vindo a promover nacional e internacionalmente.

O “incansável trabalho, de excecional qualidade” que tem vindo a desenvolver foi, de resto, a base da proposta de atribuição, em 2017, do Doutoramento Honoris Causa da U.Porto.  Uma “personalidade eminente”, pode ler-se, também, no documento associado à atribuição da Medalha de Mérito, grau de Ouro, da Câmara Municipal do Porto.

Zé Luís, um escultor de vozes

Realizado entre novembro de 2022 e julho 2023, o documentário leva-nos a assistir aos ensaios do maestro com o Coral de Letras, mas também a outros momentos do seu dia-a-dia. Participamos das conversas com atuais e antigos elementos do Coro e entramos em sua casa, testemunhando o convívio com familiares, amigos e outros músicos como, por exemplo, Pedro Abrunhosa.

Para além da música, este documentário de José Paulo Santos abre uma janela para outra faceta do maestro, menos conhecida, que é a sua paixão por cinema. Durante uma conversa, em casa, com o filho, Miguel Borges Coelho, pianista e antigo membro do Coral de Letras, vemos filmagens que José Luís Borges Coelho realizou, em super 8, documentando as viagens do Coral de Letras da U.Porto pelo país e no estrangeiro.

O tema da Sétima Arte não se esgota aqui. Nestas conversas mais informais, o maestro comenta ainda as bandas sonoras que produziu para os filmes de Manoel de Oliveira, nomeadamente Inquietude e Cristovão Colombo – O Enigma.

“Zé Luís um escultor de vozes” passa na noite de 29 de novembro, na Casa Comum. (Imagem: DR)

Cantar o Natal de Fernando Lopes Graça

Na noite de 29 de novembro, a atuação do Coral de Letras da U.Porto será composta por peças da Segunda Cantata de Natal de Fernando Lopes Graça.

Semelhante à Primeira Cantata, trata-se de um conjunto de cantigas alusivas ao Natal, às Janeiras e aos Reis de diferentes regiões do país. Teremos, assim, uma Cantata constituída por peças recolhidas do Cancioneiro Popular Português. A saber: Visitação do Menino (Natal); Bendito do Natal (Natal); Hoje é dia de Janeiro (Janeiras); Acordai, se estais dormindo (Janeiras) e Acordai, Senhora (Reis).

Sobre José Luís Borges Coelho

Natural de Murça, onde nasceu em 1940, José Luís Borges Coelho concluiu o Curso Superior de Canto do Conservatório de Música do Porto. Em 1968, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP).

Professor em diversas instituições dedicadas ao ensino especializado da música e do teatro, foi presidente do Conselho Diretivo do Liceu Alexandre Herculano (Porto) e do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, assim como diretor pedagógico da Academia de Música de Viana do Castelo e da Cooperativa de Ensino Superior Artístico Árvore (Porto). Presidiu também ao Conselho Científico da ESMAE — Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto.

José Luís Borges Coelho dirige o Coral de Letras desde a sua fundação, em 1966. (Foto: U.Porto)

É militante do PCP, membro fundador do Sindicato dos Professores da Zona Norte, da Associação dos Profissionais do Ensino da Música, dos Conselhos Gerais da Culturporto, da Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto, do Instituto Politécnico do Porto, do Conservatório de Música do Porto e da Cooperativa Árvore. Integrou ainda o Conselho de Administração da Sociedade Porto 2001 e da Fundação Casa da Música (2006-2013).

Para além do Coral de Letras que dirige desde a sua fundação, em 1966, dirigiu o Coro Misto Sacro de S. Tarcísio, o Orfeão Universitário do Porto, o Coro do Círculo Portuense de Ópera (1983-1994) e o Ensemble Clepsidra.

Todo o seu percurso é um permanente cruzamento de diferentes áreas, nomeadamente a da música, da história, do ensino e da participação cívica.