Tão potente como a morfina e sem efeitos secundários. É o que promete uma auspiciosa componente do veneno da mamba-negra (Dendroaspis polylepis), uma das várias espécies de serpentes “à mostra” numa exposição organizada pelo Laboratório de Bioquímica Computacional do LAQV-REQUIMTE na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). A partir de 8 de novembro, o Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MNHC-UP), em plena baixa do Porto, irá dar a conhecer a história da química do veneno a curiosos, miúdos e graúdos. 

“Serpentes — Uma Relação de Amor e Medo com a Humanidade” pretende abordar a mitologia das serpentes e a sua importância. Revela, para isso, mais de 12 figuras artísticas realizadas pelos investigadores, que ilustram as toxinas que compõem o veneno de diferentes espécies de serpentes. Os cientistas do grupo de Bioquímica Computacional deram asas à sua imaginação e, com o auxílio de ferramentas de grafismo molecular que utilizam no dia a dia, criaram representações alusivas a cada uma das moléculas presentes no veneno. 

“Mostramos o que é uma serpente, o que é o veneno e como é que se desenvolvem medicamentos a partir deste”, conta Pedro Alexandrino Fernandes, docente do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP e investigador no LAQV-REQUIMTE, responsável pela organização do evento. 

Apesar de ser mais abrangente, esta iniciativa inspira-se, sobretudo, em projetos como o Murderous Venom, no qual investigadores da FCUP e do LAQV-REQUIMTE trabalham para desenvolver “antídotos inovadores para o envenenamento, baseados em compostos baratos, para distribuir maioritariamente pelas comunidades rurais de África e da Ásia”.

A mensagem que os investigadores querem passar é de que, apesar de serem dos animais mais mortíferos do mundo, as serpentes possuem no seu veneno componentes tão poderosos que podem salvar vidas. 

Na exposição, de entrada gratuita, estarão também expostos exemplares taxidermizados de serpentes, provenientes da coleção de répteis do MHNC-UP. Serão ainda exibidas fotografias deste grupo de animais pela lente do fotógrafo indiano Rupankar Bhattacharjee e apresentadas ilustrações alusivas à evolução convergente da autoria do pintor e biólogo da FCUP, Joaquim Filipe Faria. 

A inauguração de “Serpentes — Uma Relação de Amor e Medo com a Humanidade” terá ligar no dia 7 de novembro, às 18h00. Depois deste momento inaugural, a exposição estará aberta ao público até 11 de fevereiro de 2024, de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.