As Ciências Forenses vão estar em destaque, no próximo dia 27 de setembro, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), palco escolhido para acolher o seminário “MIPATAN: Micologia, Palinologia, Tafonomia e Antropologia Forense”.

O evento, de entrada livre, marcado para às 14h00, no Anfiteatro -119, do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (FC3), decorre no âmbito da Rede Iberoamericana de Investigadores Forenses –RIIF, à qual a FCUP pertence, e traz a Portugal três investigadoras de Espanha e da América Latina de renome na área. 

Cecília Tranchida e Letícia Povilauskas, da Universidad Nacional de la Plata, Buenos Aires, e de Aida Gutierrez, da Universitat Autònoma de Barcelona, são académicas associadas à resolução de inúmeros casos criminais, não só no seu país, mas na América Latina.

As cientistas irão partilhar conhecimento nas respetivas áreas e explicar como os fungos, os pólenes e os processos de degradação dos organismos podem ajudar em investigações forenses. 

Ciência no encalço de sepulturas clandestinas

O evento é o primeiro a realizar-se na FCUP desde a criação desta rede, no início de 2022. “Esta rede está orientada para o desenvolvimento da inteligência forense para a deteção de sepulturas clandestinas e para o aperfeiçoamento de métodos técnico-científicos de investigação forense, com o objetivo de oferecer soluções alternativas aos familiares dos desaparecidos e demais vítimas de conflitos armados, crime organizado e outras formas de violência”, conta Alexandra Guedes, docente da FCUP e responsável pela delegação portuguesa da RIIF

Integram também a RIFF os investigadores da FCUP, Helena Sant’OvaiaCosme MouraHelena RibeiroBruno Valentim e Ana Cláudia Santos, que serão responsáveis pela caracterização de solos no contexto da localização de sepulturas clandestinas.

“O solo possui uma assinatura biogeoquímica única que pode ser utilizada durante uma investigação de caráter forense para fornecer indícios acerca da sua origem geográfica”, explica a docente. 

O trabalho da equipa da FCUP consiste na “transferência de conhecimento relativo a solos” e na aplicação de protocolos de caracterização desenvolvidos pelos investigadores. 

A RIIF pretende oferecer soluções alternativas aos familiares dos desaparecidos e demais vítimas de conflitos armados. (Foto: DR)

Sobre a RIFF

A RIIF – Rede Iberoamericana de Investigadores Forenses é constituída por nove países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, Guatemala, México, Peru e Portugal e é coordenada pelo professor e investigador Carlos Molina, da Universidade Antonio Nariño, Colômbia. 

Financiada pelo CYTED- Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo, a RIIF reúne especialistas dos setores público e privado, organizações civis e universidades, em torno de um propósito social comum de colocar a ciência e a tecnologia a serviço da sociedade civil. 

O objetivo é “desenvolver modelos geofísicos que, em conjunto com dados, solos, inteligência artificial, sensores remotos, antropologia, entomologia, genética, micologia, palinologia, e tafonomia, sejam capazes de promover soluções inovadoras para uma investigação conjunta, partilha de equipamentos e transferência de conhecimento para a procura de sepulturas ou valas comuns”.

As sepulturas surgem no contexto dos conflitos armados durante as ditaduras militares nos diferentes países levaram ao desaparecimento de milhares de pessoas. Os dados projetados pelas autoridades de cada país mostram que na Colômbia desapareceram 250.000, no México, 200.000, no Brasil, 700.00, no Chile 40.000, na Argentina 30.000, no Perú 25.000, na Guatemala 45.000 e em Espanha 144.000.