Tendo eleito, para o mês de setembro, o tema “a saúde e a ciência”, o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) expõe no átrio do edifício Histórico da Reitoria (Praça Gomes Teixeira) um instrumento que resulta, precisamente, da cooperação entre as duas faculdades mais antigas da U.Porto: a Faculdade de Ciências (FCUP) e a Faculdade de Medicina (FMUP). De que falamos? de um Esfigmo-oscilómetro de Collens / Collens Sphygmo-oscillometer.

O nome pode parecer estranho, mas assim que olhar para o aparelho, é bem provável que o reconheça. É atualmente designado por “esfigmomanómetro aneroide” e reconhecemo-lo como um aparelho que serve para medir a tensão arterial. O que mede, na realidade, é a variação (não percetível à vista) do volume de um membro (uma perna ou de um braço) quando cada batida do coração (sístole cardíaca) envia um fluxo de sangue para as artérias periféricas. O elemento sensível, no aparelho, é uma cápsula (aneroide) convertida no desvio da agulha sobre a escala.

Porquê esta escolha? Marisa Monteiro, curadora de instrumentos científicos do MHNC-UP, explica que “a peça surge no inventário como tendo sido adquirida, em 1947, pelo Laboratório de Física da Faculdade de Ciências da U.Porto”, para os cursos de Física, Química e Biologia que antecederam o curso de Medicina.

Esta colaboração, nota a curadora, remonta a 1844. Para se inscreverem na Escola Médico-Cirúrgica, os estudantes tinham de ter aprovação, entre outras, “nas cadeiras de Física e o primeiro ano de Matemática da Academia Politécnica”.

Desde os finais do séc. XIX e durante várias décadas, o Gabinete de Física da Academia Politécnica e o seu sucessor após 1911, o Laboratório de Física da Faculdade de Ciências, asseguraram o curso preparatório de Física aos futuros médicos e biólogos, procurando dotar-se de instrumentos e aparelhos da prática médica para a compreensão do seu funcionamento à luz dos conceitos físicos.