A frequentar o quarto e último ano do Programa Doutoral em Biomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Joana Lima, que está a desenvolver a sua investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S), conquistou recentemente uma Scientific Exchange Grant, atribuída pela Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO).

«No âmbito do meu doutoramento, estou a tentar perceber como é que, no início do processo de divisão celular, as células se reorganizam para estabelecer de forma eficiente um fuso mitótico, uma estrutura essencial para mais tarde segregarem sem erros os seus cromossomas para duas novas células-filhas», explica Joana Lima, que terá agora a oportunidade de complementar o seu trabalho de investigação em divisão celular no prestigiado Barts Cancer Institute, em Londres (Reino Unido), onde ficará durante três meses.

No grupo do i3S «Epithelial Polarity & Cell Division», e sob a supervisão do investigador Jorge Ferreira, a estudante de doutoramento está focada especificamente nos mecanismos da divisão celular e nas proteínas que estão envolvidas para que tudo decorra normalmente.

“Quando este sistema é perturbado, vemos que as células começam a gerar erros ao segregarem os seus cromossomas, numa forma muito semelhante às células de cancro. Percebemos também que este processo está alterado em linhas celulares cancerígenas e, por isso, este pode ser um alvo terapêutico a atacar no futuro”, concretiza Joana Lima.

Até agora, sublinha a jovem investigadora, “tudo o que observamos foi em linhas celulares”. Em Londres, mais especificamente no laboratório da investigadora Susana Godinho, “vou continuar este trabalho e verificar se este mecanismo se mantém em sistemas mais complexos, de forma a perceber se é viável usá-lo, no futuro, em terapias para humanos. Para isso, vamos colocar as células em culturas tridimensionais (3D), chamadas esferoides (pequenos agregados de células que se comportam de forma mais semelhante às dos nossos tecidos), e ver se as nossas observações se mantêm”.

Para Joana Lima, a bolsa atribuída pela EMVO representa “uma enorme honra”, principalmente porque significa que “instituições de renome europeias têm interesse em financiar o nosso trabalho. Isso dá-nos alento para continuar a apostar neste tema”, para além de ser também “uma óptima oportunidade para visitar um novo laboratório e estabelecer uma nova parceria”.

Para além disso, acrescenta a estudante, “como já estive um ano na Universidade de Oxford a fazer a minha tese de mestrado, esta bolsa dá-me a oportunidade de voltar a um país do qual já tenho saudades”.